Em maio de 2021, quando participou do CEO Conference, evento promovido pelo BTG Pactual, Robert Iger disse que ainda não tinha planos sobre o que faria depois de deixar, no fim daquele ano, o cargo de presidente-executivo da The Walt Disney Company, cujo slogan dos parques de diversão é "o lugar mais feliz da Terra".
“Venho tentando dizer não para absolutamente tudo o que me sugerem. Eu preciso de um tempo para respirar e pensar. Mas ainda me sinto com bastante energia e com um espírito altamente competitivo”, disse, na época, o executivo, que já havia ocupado o posto de CEO da Disney entre 2005 e 2020.
Desde então, Iger não cumpriu sua “promessa” de descansar e de tirar um período sabático. Como prova de que ainda de que ainda está longe de uma aposentadoria, o executivo de 71 anos está acrescentando mais uma atividade à sua agenda profissional.
Agora, "o lugar mais feliz da Terra" para Iger é o venture capital. Ele está se juntando ao time da gestora americana Thrive Capital. Fundada em 2009 por Joshua Kushner, um ex-banqueiro do Goldman Sachs, a empresa acumula, desde então, 306 investimentos, segundo o Crunchbase.
Entre outros nomes, esse portfólio inclui companhias como a sueca Spotify e as americanas Robinhood e Stripe. No Brasil, a Thrive Capital já investiu em empresas como o Nubank e também na healthtech Pipo Saúde. Nessa última, liderou uma rodada de R$ 100 milhões em julho do ano passado.
Iger chega à Thrive Capital como venture partner, segundo reportagem do The Wall Street Journal (WSJ). Entre outras atribuições, ele dará mentorias aos fundadores das startups do portfólio e identificará novas oportunidades de investimento para a gestora.
Em entrevista ao WSJ, Joshua Kushner disse que Iger não irá trabalhar em tempo integral na gestora. Mas a ideia é que ele se envolva em todas as atividades da empresa que, em fevereiro deste ano, levantou cerca de US$ 3 bilhões em dois fundos para novos investimentos.
Identificar oportunidades no mercado é um dos talentos que Iger mostrou ter durante o tempo que comandou a Disney. Quando assumiu como CEO, posto que ocupou até fevereiro de 2020, o grupo vivia um momento conturbado. A partir da sua gestão, a empresa recuperou sua relevância.
Um dos caminhos escolhidos por Iger nessa reestruturação foi o investimento em uma leva de aquisições. Entre outros acordos, o pacote incluiu a Pixar, em 2006, por US$ 7,4 bilhões; a Marvel, em 2009, por US$ 4 bilhões; a Lucasfilm, em 2012, por US$ 4,05 bilhões; e, a 21st Century Fox, em 2019, por US$ 71,3 bilhões.
Como parte dos resultados obtidos pelo executivo, durante a sua gestão, a cotação das ações da Disney valorizou mais de cinco vezes e o lucro líquido anual da empresa mais do que quadruplicou.
Desde que deixou a empresa, em dezembro do ano passado, Iger tem dividido seu tempo entre diversas atividades. Em março, por exemplo, ele passou a integrar o board da Genies Inc., uma startup de criptomoedas.
Em paralelo, ele também deu vazão aos investimentos com seus próprios recursos em startups. Entre elas, a Canva Pty, empresa australiana de design avaliada em US$ 40 bilhões, e as americanas GoPuff, Funko e Perfect Day.
Ao mesmo tempo, Iger está concluindo seu segundo livro, que irá abordar a liderança empresarial em tempos de crise. Ele já escreveu The Ride of a Lifetime”, publicado em 2019.