Fundado em 2012, o QuintoAndar ganhou tração com a proposta de eliminar a burocracia na locação de imóveis. Além de locatários e inquilinos, a proposta atraiu os cheques polpudos de fundos de investimento. Entre eles, o japonês Softbank, que liderou um aporte de R$ 1 bilhão na operação, em setembro.

Agora, com o caixa reforçado, a startup sobe mais um degrau em sua escalada para abalar as estruturas do mercado imobiliário tradicional. A partir de janeiro, a empresa começa a replicar esse modelo no segmento de compra e venda de imóveis.

“Há uma linha cada vez mais tênue entre alugar, comprar e vender um imóvel. Até hoje, estávamos em apenas uma parte dessa equação”, diz Gabriel Braga, CEO e cofundador do QuintoAndar, em entrevista ao NeoFeed. “Independentemente do tipo de transação e do lado da oferta, nosso foco é ajudar as pessoas a morarem bem.”

A ampliação do leque segue outra guinada recente do QuintoAndar. Em junho, a empresa começou a testar a reforma de apartamentos para locação, informação que foi antecipada pelo NeoFeed. As sinergias com o seu modelo mais conhecido foram o pano de fundo para a decisão de investir na intermediação da compra e venda de imóveis.

Segundo a empresa, a venda de um imóvel no Brasil é um processo que leva, em média, 480 dias, diante de questões como a dificuldade para obter a documentação correta. Levando-se em conta apenas os gastos com IPTU e condomínio, o prejuízo para o proprietário pode passar de R$ 10 mil por ano. Isso sem considerar os gastos com manutenção e limpeza.

A entrada nesse novo terreno envolverá um período de testes. A partir da próxima semana, a plataforma começará a cadastrar os proprietários de imóveis. E, no início de janeiro, ela estará aberta aos compradores.

Assim como acontece no segmento de locação, o novo serviço unirá recursos como a marcação de visitas e negociações digitais com a verificação de toda a documentação dos imóveis, além do apoio de especialistas em todas as etapas do processo.

Inicialmente, os testes vão abranger bairros das zonas Oeste, Sul e do centro de São Paulo. O plano é calibrar o formato durante o primeiro trimestre de 2020. E depois estender o modelo, gradativamente, às outras regiões nas quais a empresa já está presente.

Nessa primeira etapa, o modelo conectará diretamente vendedores e compradores. “Mas assim que testarmos esse fluxo na prática, vamos sair do laboratório. O segundo passo é oferecer a plataforma também às imobiliárias”, diz Braga.

Rafaela Khouri, head de B2B do Quinto Andar

Fruto de uma estratégia iniciada em meados desse ano, a aproximação com imobiliárias também começa a ganhar escala. “Hoje, temos cerca de 30 parceiros, em quase todas as cidades que atuamos”, diz Rafaela Khouri, head de B2B do QuintoAndar.

No segmento de locação, as imobiliárias respondem pela captação e o atendimento presencial aos proprietários. O QuintoAndar, por sua vez, assume questões relacionadas à locação e administração do contrato, bem como a oferta de benefícios como garantia e proteção contra danos. O formato envolve a divisão de receitas. E a ideia é replicar essa abordagem no novo modelo.

“Reforçar essas parcerias é uma das nossas prioridades”, afirma Braga. “Os acordos têm funcionado bem e essa é uma vertente com potencial para reconstruir o modo como a cadeia funciona.”

Expansão

A expansão do mapa de operações é outra prioridade no radar da startup. Atualmente, o QuintoAndar já está em cerca de 30 cidades. Com capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Goiânia, Brasília e Porto Alegre, a presença está concentrada nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste.

“Nosso plano é consolidar a presença nas cidades em que já estamos”, afirma Braga. “Eventualmente, vamos expandir para outros mercados, como Norte Nordeste, e mesmo o exterior, mas esse não é o foco no médio prazo.”

Com essa estrutura, o QuintoAndar vem registrando uma média de mais de 5 mil contratos por mês. Na comparação com 2018, o número de acordos assinados cresceu mais de cinco vezes.

E a empresa planeja outros saltos. “Há muitas coisas interessantes acontecendo na intersecção entre fintechs e o setor de real estate”, diz Braga. Ele destaca que a empresa está desenvolvendo uma série de outros produtos financeiros. Entre eles, a antecipação de aluguel.

“Temos projetos mais embrionários, ainda na prancheta”, afirma Braga, que não descarta a exploração de vertentes como o home equity. “Tem uma série de questões que não funcionam direito no mercado imobiliário e que podemos atacar. Mas a caminhada é longa. Ainda estamos na superfície.”

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