O Softbank segue firme na reestruturação de suas operações e no desinvestimento de ativos, depois de reportar um prejuízo recorde de US$ 23 bilhões no trimestre encerrado em 30 de junho. Quem sofreu dessa vez com a ordem de cortes de Masayoshi Son foi a THG, companhia britânica de e-commerce.
O grupo de investimento japonês se desfez de toda a sua participação na empresa, adquirida em maio de 2021, por 481 milhões de libras (US$ 549,5 milhões). A venda provocou um impacto contábil negativo de 450 milhões de libras (US$ 514,1 milhões) para o Softbank, segundo o jornal Financial Times.
Parte da participação na THG, cerca de 67,8 milhões de ações foi vendida para o fundo soberano do Qatar. O restante, 12,8 milhões de ações, será comprado pelo cofundador e CEO da THG, Matt Moulding.
Desde que o Softbank entrou como acionista, as ações da THG acumulam queda de 92%, que sofre com desaceleração das vendas e contração das margens. Fundada em 2004, a THG vende produtos de beleza e nutrição aos consumidores. Antes, ela era conhecida como The Hut, e vendia CDs e DVDs para varejistas.
A THG é mais uma empresa em que o Softbank deixou de ter participação, enquanto ajusta a casa. Em setembro, ele vendeu sua participação de 15% na Kahoot, startup norueguesa que opera uma plataforma de desenvolvimento de jogos educativos, por US$ 152 milhões à General Atlantic. Antes, havia investido ao menos US$ 215 milhões na empresa.
Nem a Uber e a Alibaba foram poupadas. O Softbank vendeu o restante de sua participação na empresa dona de aplicativos de mobilidade e delivery em agosto, mesmo após ela registrar fluxo de caixa positivo pela primeira vez em sua história. Antes disso, em julho, ele se desfez de quase metade de sua participação na plataforma de e-commerce chinesa, via derivativos, levantando cerca de US$ 22 bilhões.
Alguns dos investimentos não foram desfeitos, mas passaram por ajustes. É o caso da Oyo, rede indiana de hotéis de baixo custo. Em 2019, ela chegou a ser avaliada em US$ 10 bilhões. Agora, o Softbank avalia ela em US$ 2,7 bilhões.
Conhecido pela generosidade nos aportes, o Softbank vem sofrendo com o novo momento do mercado. O movimento de alta das taxas de juros pelo mundo reduziu o interesse por companhias de crescimento, cujo desempenho financeiro só se materializará no futuro, provocando grandes perdas ao fundo de investimento japonês.
O prejuízo de US$ 23 bilhões no último trimestre foi resultado do tombo do Vision Fund, que concentrava os investimentos em 450 empresas. A piora das condições do mercado tech fez com que ele registrasse perda de US$ 21,6 bilhões.
Por isso, o Softbank está cortando duro os investimentos. Mas os ajustes não estão restritos aos cheques, eles também aconteceram dentro da própria casa. Em setembro, ele demitiu 150 pessoas no mundo, pouco mais de um quarto da equipe.
Na América Latina, o Softbank demitiu dez pessoas. Os cortes foram feitos nos escritórios de São Paulo, Cidade do México e Miami, atingindo pessoas em cargos júnior e em meio de carreira.