Em meio a duras perdas que vem registrando por conta da piora das condições para as empresas de tecnologia, o bilionário Masayoshi Son decidiu que o investimento do Softbank na Uber chegou ao destino final. 

O grupo japonês vendeu o restante de sua participação na empresa dona de aplicativos de mobilidade e de delivery, segundo informações do site CNBC, como forma de obter recursos para estancar a sangria vista em seu principal veículo de investimentos, o Vision Fund.

Em documentos regulatórios, o Softbank informou que vendeu as ações da Uber entre abril e julho, a um preço médio de US$ 41,47. O custo médio por ação foi de US$ 34,50, indicando que a venda foi lucrativa. O gigante japonês não informou quanto realizou com a operação, nem a quantidade de papéis vendidos. 

O Softbank investiu pela primeira vez na Uber em 2017 e desde então foi aportando recursos na companhia, a ponto de se tornar o maior acionista em 2019. Mas, no ano passado, o Softbank vendeu mais de um terço de sua participação. 

A venda ocorre no momento em que os esforços da Uber de se tornar rentável parecem começar a surtir efeitos. Na terça-feira passada, 2 de agosto, a companhia anunciou ao mercado que, pela primeira vez na história, seu primeiro fluxo de caixa positivo.

O grupo japonês vem se desfazendo de participação em diversas companhias diante da queda no valor das empresas de tecnologia, com a alta dos juros pelo mundo levando muitos investidores a fugirem de investimentos considerados mais arriscados. 

A piora no mercado tech fez o Softbank fechar mais um trimestre com grande prejuízo – no primeiro trimestre do ano fiscal de 2022, ele registrou perda de 3,1 trilhões de ienes (US$  23,4 bilhões). O maior responsável pela perda foi justamente o Vision Fund, que concentra os investimentos em 450 empresas de tecnologia. Ele registrou prejuízo de 2,92 trilhões de ienes (US$ 21,6 bilhões). 

Em entrevista coletiva para comentar os resultados, Son disse que estava "deprimido" com a situação e admitiu que em sua estratégia agressiva de investimentos, com aportes massivos em companhias, deveria ter sido mais seletivo. "Estou envergonhado de mim mesmo por ter ficado tão eufórico pelos grandes lucros do passado", afirmou.

Entre os desinvestimentos que o Softbank está a venda de quase metade de sua participação na plataforma de e-commerce chinesa Alibaba, no começo do mês, via derivativos. As operações resultaram em cerca de US$ 22 bilhões em recursos para o conglomerado e pode fazer com que ele perca o direito a um assento no conselho de administração, segundo reportagem do jornal Financial Times

A venda da participação na Alibaba é simbólica, visto que Son construiu a sua fortuna ao liderar uma rodada de financiamento de US$ 20 milhões na plataforma de e-commerce de Jack Ma há duas décadas, investimento que gerou grandes retornos ao empresário japonês. 

Entre abril e julho, o Softbank também vendeu participações na empresa do ramo imobiliário Open Door, a operadora de saúde Guardant e a corretora de imóveis chinesa Beike. 

Em maio, quando anunciou que o Softbank teve um prejuízo de 1,7 trilhão de ienes (US$ 64,6 bilhões) no ano fiscal de 2021, encerrado em 31 de março, Son prometeu aos investidores que seria mais conservador no tamanho dos aportes e que reduziria custos. 

As ações da Uber fecharam o pregão de hoje com queda de 0,50%, a US$ 31,85. No ano, elas acumulam queda de 25,3%, com o valor de mercado alcançando US$ 63 bilhões.