A Uber vai pisar no freio dos gastos e a ordem vem do próprio CEO Dara Khosrowshahi. Em e-mail enviado para funcionários da empresa obtido pela rede americana CNBC, o executivo disse que o mercado está experienciando “uma mudança sísmica e é preciso que a companhia reaja de acordo”.

A mudança da qual o Khosrowshahi se refere está relacionada ao momento delicado que as empresas de tecnologia enfrentam em 2022 e que a presenvação de caixa tem sido um pedido cada vez mais frequente de investidores.

Na mensagem enviada por Khosrowshahi aos funcionários, o CEO informou que a empresa vai começar a economizar dinheiro e passará a tratar a contratação de novos funcionários como um "privilégio". “Seremos ainda mais rígidos em relação aos custos em geral", escreveu Khosrowshahi.

O CEO da Uber ainda informou que a decisão vem após reuniões com investidores em Nova York e Boston. “Temos que garantir que o nosso unit economic funcione antes de crescermos”, escreveu. “Vamos recuar nos gastos menos eficientes com marketing e incentivos.”

Depois de anos com resultados negativos, a Uber registrou lucro em sua operação no último trimestre do ano passado. Mas isso não se repetiu no período seguinte e a companhia terminou o primeiro trimestre de 2022 com prejuízo de US$ 5,9 bilhões.

Avaliada em pouco mais de US$ 48 bilhões, a companhia viu seu valor de mercado cair quase 40% desde o começo deste ano, refletindo também o apetite dos investidores por ativos de tecnologia.

O plano de contenção de gastos tem o objetivo de obter lucro com base no fluxo de caixa livre em vez de concentrar os resultados apenas no Ebitda (que considera o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização). “Fizemos muito progresso em termos de lucratividade, estabelecendo uma meta de US$ 5 bilhões em EBITDA Ajustado em 2024, mas as metas mudaram”, disse Khosrowshahi.

Não se trata de uma decisão inédita no mercado. A Meta, que comanda o Facebook, já informou internamente que vai diminuir ou parar de contratar funcionários em nível pleno e sênior. A Netflix, que aumentou o quadro de funcionários em 59% nos últimos três anos para 11,3 mil empregados, também vai diminuir o ritmo.

Por outro lado, é uma estratégia diferente da que vem sendo adotada na concorrente Lyft, que já informou que vai aumentar seus gastos para atrair mais motoristas ao serviço. As duas empresas sofrem com a escassez de motoristas por conta do aumento nos custos de locação de veículos e de combustível.