Quando criou a marca hoteleira Airelles, em 2017, o grupo francês Lov Hotel Collection tinha dez anos de expertise no ramo e chegava com a proposta de receber em hotéis-palácio únicos na França. Os primeiros da marca foram o Les Airelles, um castelo austro-húngaro em Courchevel, e o La Bastide, uma residência do século 18, em Gordes.
A marca Airelles nascia também com um poderoso contrato nas mãos: a concessão para recuperar minuciosamente uma edificação histórica nos domínios do Palácio de Versalhes, o maior e mais célebre palácio da França, transformando-a em um pequeno hotel de luxo.
“É um projeto que começou com uma visão ambiciosa em 2016 e que agora está pronto para ser compartilhado com nossos hóspedes”, diz Guillaume Fonquernie, CEO do Airelles.
Não foi uma conquista fácil. O grupo participou de uma concorrência lançada pelo corpo público de Versalhes, que não tinha verba suficiente para revitalizar a construção. Participaram da licitação mais de 20 empresas.
Para ganhar a disputa, o Airelles reuniu uma equipe que inclui o famoso chef francês Alain Ducasse, o arquiteto e designer Christophe Tollemer e a expert em história e arte francesa Emmanuelle Vidal-Delagneau.
Quase cinco anos de obras e investimentos de 50 milhões de euros, o Airelles Château de Versailles, Le Grand Contrôle abriu as portas aos seus primeiros hóspedes no início de junho.
Erguida em 1681 por Jules-Hardouin Mansart, o arquiteto favorito de Luís XIV, a edificação foi a sede do que seria hoje o Ministério das Finanças e foi usada pelo exército francês entre 1857 a 2004. A partir de então ficou abandonada.
Hoje, os hóspedes têm a chance de dormir no mundo de Versalhes e de fazer uma imersão histórica. Tollemer se inspirou em 1788 para criar o design de interiores – ano em que a rainha Maria Antonieta renovou o palácio Petit Trianon, seu refúgio campestre, e quando Le Grande Contrôle passou por seu último inventário.
O arquiteto convocou um time de especialistas em arquitetura, design, arte e até iluminação do século 18 a fim de recriar o décor fiel à época. Até as estampas são baseadas nos gostos pessoais daquele período.
“Estou muito orgulhoso da equipe envolvida em fazer desse sonho realidade e o nível de detalhe e dedicação atribuída a essa propriedade tão especial”, disse Fonquernie.
Os 14 quartos e suítes foram decorados individualmente com móveis e objetos originais adquiridos em leilões e antiquários, e tecidos foram desenvolvidos especialmente pela Maison Pierre Frey. Algumas peças de mobília foram recolocadas em seus locais de origem.
Cada um dos aposentos faz referência a uma personalidade ligada à história da edificação. Caso da Suíte Necker, que era o apartamento privado do ministro das finanças de Luís XVI, Jacques Necker.
Além de ficar em aposentos dignos de reis e rainhas, os hóspedes têm muito mais. As diárias de 1.700 euros incluem serviço de mordomo e o uso de barcos e carrinhos elétricos pelas premissas de Versalhes.
O acesso aos jardins de l’Orangerie a qualquer hora do dia, café da manhã e chá da tarde inspirado nas delícias preferidas de Maria Antonieta fazem também parte dos privilégios de se hospedar no hotel. O chocolate quente pode ser servido com flor de laranjeira, do jeito que a rainha tomava.
A cozinha é comandada por Alain Ducasse, que já opera o restaurante Ore, aberto ao público no palácio. Agora, aqui, Ducasse criou desde os itens do chá das cinco até o jantar banquete de cinco pratos baseado nos menus históricos.
Mas a cereja do bolo do novo Airelles são as visitas privativas das salas de Versalhes e do Trianon, que ocorrem antes de o palácio abrir e depois quando é fechado às visitas.
“O hóspede vive uma experiência que, criada por nosso time, se torna uma memória inesquecível,” declara o gerente-geral Julien Revah, responsável por liderar o staff de pouco mais de 100 pessoas.