Na esteira da consolidação do setor de saúde, a Dasa anunciou nesta terça-feira a integração de todas as suas marcas sob o nome Dasa. Com o novo posicionamento, a rede de hospitais Ímpar e a GSC, uma integradora de saúde de atenção primária, passam a fazer parte da mesma estrutura vertical que conta com os laboratórios da marca. A mudança vem acompanhada de uma nova tipografia e identidade visual.
"Esse rebranding, na verdade, começou em 2017", disse Pedro Bueno, presidente da Dasa, em evento realizado nesta manhã. "E marca a transição de um modelo pulverizado, que cuida da doença, para um modelo integrado, que preserva a saúde."
A mudança de nome será gradual e vai impactar todas as operações, incluindo as redes de diagnósticos. Para algumas bandeiras, como Hospitais Nove de Julho, Hospital Brasília, Hospital Brasília Unidade Águas Claras e Maternidade Brasília, a virada acontece a partir de hoje.
Os próximos serão os hospitais São Lucas e CHN. Já no segmento de laboratórios, a mudança acontecerá ao longo dos próximos meses, começando pelo Delboni Auriemo.
A Dasa também anunciou o lançamento da Nav, plataforma de gestão de saúde. A ferramenta é uma evolução da Lívia Saúde, lançada em setembro do ano passado e que conta com sete mil médicos cadastrados, 108 mil pacientes únicos e 580 mil visitas por mês.
Os usuários e históricos de exames da Lívia Saúde serão migrados para o novo sistema. Com a Nav, será possível agendar exames, consultar o histórico de diagnósticos e fazer consultas por telemedicina.
O evento marcou ainda a divulgação da inauguração do Centro de Medicina Integrada em Barueri (SP). A unidade inclui pronto atendimento adulto e infantil, serviço de hemodiálise e salas cirúrgias para procedimentos de baixa complexidade, além de uma operação para análises clínicas.
O centro também vai contar com a integração do modelo digital com o físico, com serviços de web checking, que permite o cadastro remoto e uma experiência sem contato.
Os anúncios realizados hoje integram a estratégia do grupo para ir além dos diagnósticos médicos e entrar em outros segmentos do setor, como hospitais, clínicas, corretoras de planos de saúde e coordenação de cuidados.
"Fomos integrando a jornada do usuário e dos médicos", afirmou Bueno. "E vimos que sem o uso intenso de tecnologia e a integração de ativos físicos e digitais, não conseguiríamos fazer isso de forma escalável."
Sob essa ótica, o plano da Dasa é prestar um serviço integrado à sua base de clientes, formada por mais de 20 milhões de usuários. Essa abordagem de ecossistema passa pelo investimento em um modelo de saúde preditivo e preventivo, com o objetivo de reduzir a necessidade de internações e cirurgias que podem ser evitadas por meio de cuidados primários.
A extração de dados preditivos é feita por meio de uma tecnologia de inteligência artificial, que analisa um data lake com mais de 4 bilhões de registros de dados clínicos.
Segundo Bueno, o investimento feito nesse data lake, entre 2018 e 2020, foi de R$ 1,56 bilhão. Ele acrescentou que cerca de 50% de todas as informações dos serviços de saúde do grupo já são interoperáveis.
Atualmente, a Dasa conta com mais de 30 marcas na área de medicina diagnóstica, entre elas, Alta, Delboni Auriemo, Lavoisier, Salomão Zoppi e Atalaia, além de mais de 900 laboratórios.
No início de abril, o grupo, avaliado em R$ 27,8 bilhões, captou R$ 3,8 bilhões em um follow on. O valor ficou, porém, muito abaixo do esperado. O plano original era levantar R$ 5,7 bilhões, mas as faixas indicativas foram revisadas para baixo, em 10%. E a família Bueno, que controla o grupo, entrou com R$ 500 milhões sob a justificativa de não ser diluída, garantindo que o re-IPO fosse realizado.
Os recursos captados vão ser usados para dar continuidade à estratégia de aquisições da companhia, para consolidar esse ecossistema. Em dezembro de 2020, por exemplo, o grupo desembolsou R$ 1,77 bilhão na compra da rede Leforte, chegando a 12 hospitais, espalhados por São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
No mesmo mês, a empresa anunciou ainda as aquisições do controle do Grupo Exame, no Rio Grande do Sul, e do laboratório Insituto de Hematologia (Hemat), de São José do Rio Preto (SP).
Antes, em novembro, a Dasa comprou a Gesto Saúde, empresa que desenvolve sistemas de gestão de planos de saúde, com o uso de recursos como inteligência artificial.
A onda de aquisições não está restrita à empresa. O setor ficou aquecido no fim do ano passado e ganhou ainda mais tração em 2021. Além do follow-on da Dasa, a rede de hospitais Mater Dei, com sede em Belo Horizonte, captou R$ 1,4 bilhão em seu IPO realizado há duas semanas.
Já a Hospital Care, dona de hubs de saúde em Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP), São José do Rio Preto (SP), Curitiba (PR) e Florianópolis, fará sua estreia na B3 nos próximos dias. Com a oferta, a expectativa é movimentar R$ 790 milhões.
No fim do ano passado, a Rede D'or fez a maior estreia de uma empresa brasileira na B3 desde 2013, captando R$ 11,39 bilhões. Com os recursos, o grupo também acelerou sua estratégia de aquisições. Hoje, a empresa é avaliada em R$ 135 bilhões e conta com uma rede de 51 hospitais próprios e 45 clínicas oncológicas.
A criação de plataformas integradas de saúde tem sido explorada ainda por outros players do segmento. Em março, o grupo de medicina diagnóstica Sabin lançou a Rita, um centro de saúde digital que oferece, inicialmente, serviços da companhia.
O Fleury também avançou no digital com o lançamento, em setembro do ano passado, do Saúde iD, marketplace que busca ser um “one-stop-shop” de serviços de saúde.