A BlueJeans quer ter acesso à sua câmera e, graças à Verizon, talvez tenha fundos e estrutura para isso. A operadora americana de telefonia, avaliada em US$ 237 bilhões, comunicou nesta quinta-feira, 16 de abril, que comprou a empresa de videoconferência concorrente da Zoom.

O valor do acordo não foi revelado, mas estima-se algo ao redor de US$ 500 milhões. Fundada em 2009, em São Francisco, no Vale do Silício, a BlueJeans captou US$ 175 milhões em cinco rodadas de investimentos, que contaram com a participação de fundos como Accel Partners e Battery Ventures. 

A aposta dos investidores foi alimentada pelo potencial do mercado de videoconferência. Segundo dados divulgados pela Bloomberg em 2019, a previsão era de que o segmento movimentasse US$ 6,7 bilhões em 2025.

A crise desencadeada pelo combate ao novo coronavírus antecipou, no entanto, essas projeções. De acordo com a agência Transparency Market Research, o setor já movimenta US$ 6,1 bilhões e a expectativa é que chegue a US$ 11,5 bilhões em 2027 – o que explica o interesse da Verizon. 

Para ganhar tração nesse mercado, a operadora tem à disposição sua mais recente rede 5G, que garante mais qualidade e estabilidade às chamadas de vídeo. E que é particularmente atraente para os clientes corporativos. Telemedicina, ensino a distância, treinamento virtual e outras modalidades de trabalho remoto são as áreas que mais se beneficiariam dessa novidade.

Ainda não há informações sobre alterações nas cifras cobradas pela BlueJeans, que não dispõe de uma opção gratuita. A categoria de entrada custa US$ 12,49/mês ou US$ 119,88/ano, e oferece conferências por vídeo com até 50 participantes simultâneos e a gravação de até 5 horas desses encontros online, entre outras vantagens.

Focada em chamadas corporativas, a BlueJeans enfrenta a concorrência pesada da WebEx, da Cisco; Skype, da Microsoft; e da Zoom, que, em tempos de coronavírus, abriu vantagem entre os demais.

Fundada em 2009, a BlueJeans captou US$ 175 milhões em cinco rodadas de investimentos, com a participação de fundos como Accel Partners e Battery Ventures

Nos últimos três meses, a Zoom, empresa idealizada por Eric Yuan viu seu número de usuários ativos saltar de 10 para 200 milhões, e seu valor de mercado acompanhar a curva ascendente, chegando a US$ 41,9 bilhões.

Mas essa chamada rumo ao crescimento veio com "interferências". A Zoom foi alvo de diversas críticas e acusações relacionadas à privacidade e à segurança dos usuários e do conteúdo ali trocado.

O escândalo ganhou tanta dimensão que empresas como Tesla, SpaceX, Google e a agência NASA proibiram o uso da ferramenta entre suas equipes. Os governos da Alemanha, Taiwan e Índia também baniram a adoção da Zoom em suas conversas oficiais remotas.

Entre as polêmicas que levaram a decisões tão drásticas estão escândalos envolvendo o vazamento de emails, a venda de dados sobre comportamento dos usuários para o Facebook e até a instalação não-autorizada de um servidor secreto que permitia a sites maliciosos ativarem a câmera de computadores Mac, mesmo sem a permissão do proprietário. 

A Zoom veio a público para desmentir algumas das acusações e para comunicar que deixaria de lado esforços antes dedicados ao desenvolvimento de novas ferramentas para focar exclusivamente na segurança da plataforma. 

Já a "pequena" BlueJeans, com "apenas" 15 mil usuários, revela que essa questão sempre foi tratada de forma prioritária. Todas as vídeo chamadas são encriptadas de ponta-a-ponta. Talvez por isso, companhias como Facebook e Disney escolheram a ferramenta como plataforma de comunicação em tempos de trabalho remoto. 

Clientes desse calibre, por sua vez, levaram a operação enxuta da empresa ao lucro. Não há informações dos ganhos exatos da companhia, mas sabe-se que a conta ficou no azul "recentemente". De acordo com o portal Techcrunch, a receita anual recorrente da BlueJeans é de US$ 100 milhões. 

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