Ainda que tenham atravessado duas crises econômicas nos últimos seis anos e agora contem com a concorrência agressiva das fintechs, tem algo que não muda para os principais bancos do Brasil: os bilionários lucros que publicam a cada trimestre.
Na segunda-feira, 2 de agosto, o Itaú Unibanco divulgou um lucro líquido de R$ 6,5 bilhões em segundo trimestre. O número é similar ao do Bradesco, que, na noite desta terça-feira, 3 de agosto, publicou resultado positivo de R$ 6,3 bilhões. O clube dos lucros bilionários, porém, não é exclusivo e aceita novos integrantes.
A XP – que há dois anos recebeu o aval do Banco Central (BC) para operar como instituição bancária e, em março deste ano, lançou um cartão de crédito – é a mais nova credenciada a entrar no grupo, ao alcançar um lucro líquido de R$ 1 bilhão em seu segundo trimestre, número 83% superior ao de igual período de 2020 e um recorde para a empresa.
“Fizemos em três meses o que havíamos feito em todo o ano de 2019, quando também tivemos lucro líquido de R$ 1 bilhão”, afirma o sócio e CFO da XP, Bruno Constantino, em entrevista a jornalistas para apresentação do resultado trimestral.
Apesar da marca, a XP reconhece que tem um longo caminho a percorrer até chegar perto do que representam os grandes bancos para o mercado. “Nós temos um pouco mais de 1% da receita total do setor financeiro”, disse Constantino. “Isso dá a magnitude das oportunidades e do potencial para crescer.”
De qualquer forma, a companhia está otimista. O cartão de crédito, que por enquanto é o principal produto bancário da XP, registrou R$ 2,1 bilhões em valores transacionados no segundo trimestre, o primeiro completo desde que foi lançado, em março. “Começamos com o pé direito”, afirmou Constantino.
O produto, porém, ainda é restrito aos clientes da XP que têm uma renda mais alta, com investimentos superiores a R$ 50 mil na corretora. O objetivo da companhia é ir descendo a régua aos poucos para chegar a toda a base até o fim deste ano, enquanto acrescentará outros produtos e serviços bancários, como uma conta digital.
Em comparação ao mercado, os números da XP para o cartão de crédito ainda são baixos. No primeiro trimestre, os brasileiros efetuaram R$ 335,9 bilhões em compras no crédito, segundo a Abecs, associação de empresas do setor de cartões. O volume da XP no segundo trimestre representaria apenas 0,6%. “Não é nada. É sinal de que ainda há muito para crescer”, disse o sócio da companhia.
Além da avenida de crescimento que se impõe na própria XP, Constantino afirmou que outras marcas do grupo também podem entrar no mundo bancário. “Para a Clear, talvez não faça tanto sentido no momento, mas, para a Rico, sim”, disse.
A área bancária da XP conta ainda com serviços de câmbio e de empréstimos com garantia. A carteira de crédito terminou o segundo trimestre com R$ 6,8 bilhões, alta de 17,1% em relação a um ano antes.
Segundo o balanço, a XP tem 3,1 milhões de clientes ativos, aumento de 33% em 12 meses, e R$ 817 bilhões sob custódia, expansão de 88%. A receita com serviços financeiros, no segundo trimestre, alcançou R$ 3,2 bilhões, crescimento de 57% em comparação a igual período de 2020.