O Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) seguiu o mesmo script que vem adotando desde agosto de 2023 ao manter, pela sétima vez consecutiva, a taxa de juros no intervalo entre 5,25% e 5,5%, nesta quarta-feira, 12 de junho.

A decisão pela manutenção desse patamar já era esperada. Mas o pacote aparentemente sem surpresas foi acompanhado da resposta para uma das dúvidas que vinham dominando as discussões e projeções de economistas e investidores nos últimos meses.

Os integrantes do comitê do Fed indicaram a realização de apenas um corte na taxa de juros em 2024, sinalizando que o banco central americano não tem pressa em desacelerar o aperto monetário iniciado em 2022.

Uma dúvida, porém, permanece. Resta saber agora quando acontecerá esse corte. No calendário do Fed, há mais quatro reuniões de seus integrantes a serem realizadas até o fim de 2024, nos meses de julho, setembro, novembro e dezembro.

“Nós tivemos um progresso muito bom na inflação”, afirmou Jerome Powell, presidente do Fed, na tradicional coletiva de imprensa após a reunião. Ele ressaltou que o relatório divulgado hoje foi “um passo na direção certa”, mas que para reduzir a taxa, será preciso ter “mais dados confiáveis”.

Nessa direção, o Comitê do Fed destacou o entendimento de que não é apropriado reduzir o intervalo dos juros até que a exista mais confiança de que a inflação está caminhando, de forma sustentável, em direção à meta de 2%.

Apesar dessas ressalvas, a reação no mercado veio na contramão do tom de cautela adotado por Powell. O índice Nasdaq Composite subiu 1,5%, alcançando um novo recorde, enquanto o S&P 500, com uma alta de 0,9%, registrou um fechamento recorde pela 28ª vez em 2024.

À parte da euforia, os membros do comitê do Fed terão apenas mais um dado mensal da inflação até a próxima reunião, em julho. Mas terão mais três relatórios com esses indicadores até a reunião seguinte, em setembro, que marca também o último encontro antes das eleições presidenciais americanas.

Nesse calendário, a perspectiva agora de apenas um corte na taxa de juros até o fim de 2024 é um golpe nas pretensões de Joe Biden, dado que o presidente americano colocou a economia e os esforços para conter a inflação como temas centrais em seu discurso de reeleição.