No calendário dos próximos meses, poucos eventos são tão aguardados – e alvo de intensas discussões - como a queda na taxa básica de juros. No caso dos investidores e das empresas listadas, essa espera ganha fôlego com a perspectiva de a bolsa de valores voltar a ser atrativa.

De olho nessa agenda, o Santander realizou um estudo traçando as projeções e impactos do início do próximo ciclo de redução da Selic no Ibovespa. Obtido com exclusividade pelo NeoFeed, o relatório é assinado por Aline de Souza Cardoso.

Como ponto de partida para o levantamento, o banco mapeou todos os nove períodos de afrouxamento da política monetária desde março de 1999. Calculando, na sequência, o desempenho do Ibovespa em diversos intervalos de tempo, antes e depois dos primeiros cortes da taxa de juros.

“Em média, o Ibovespa subiu 12,4%, 14,3% e 12,7% nos 12 meses, 6 meses e 3 meses antes dos ciclos de flexibilização monetária começarem. Porém, um mês após o primeiro corte de juros, o Ibovespa caiu, em média, 2,5%”, escreve Cardoso.

Ela ressalta, no entanto, que, após essa queda inicial no índice da Selic, as taxas começam a impactar positivamente os resultados das empresas e, por consequência, o desempenho do Ibovespa. Em particular, 3 meses (+5,54%), 6 meses (+12,68%) e 12 meses (+21,26%) depois do primeiro corte.

Com essa série histórica como referência, o Santander fez um exercício na tentativa de antecipar os patamares futuros do Ibovespa, levando em conta o início da redução da taxa Selic ainda neste ano de 2023.

Nesse contexto, o banco projetou três cenários diferentes. No primeiro, esse novo ciclo teria início na reunião de 2 de agosto do Comitê de Política Monetária (Copom). Já na segunda e na terceira hipótese, isso aconteceria, respectivamente, nas reuniões de 20 de setembro e 1º de novembro.

Sob essas premissas, o estudo sugere que o índice Ibovespa pode atingir patamares na casa de 121,8 mil pontos, em agosto; 119,2 mil, em setembro; e 126,4 mil pontos caso a flexibilização monetária tenha início em novembro.

“Nesse sentido, dado que o Ibovespa atingiu 108,2 mil pontos em 16 de maio, a análise prevê um potencial de valorização do índice de 10% a 17% até a data da primeira queda da taxa de juros (entre agosto e novembro de 2023”, destaca outro trecho do relatório.

O estudo também aplica esses parâmetros para identificar os índices setoriais do Ibovespa com maior potencial de upside dentro desse panorama. Apesar de ressaltar que real estate e consumo são mais sensíveis a mudanças na Selic, a análise aponta o UTIL, índice que reúne os ativos do segmento de utilities, incluindo energia elétrica, água, saneamento e gás, como o de maior propensão de valorização.

De acordo com as projeções, o UTIL, hoje na faixa de 9,3 mil pontos, teria uma valorização potencial entre 15% e 25%, e chegaria a 11,2 mil, com a redução da taxa começando em agosto; a 10,8 mil com essa data em setembro; e a 11,7 mil com o início do corte em novembro.

Em geral, as dinâmicas observadas nos setores são relativamente semelhantes aos reflexos dessas medidas no Ibovespa. Para boa parte dos segmentos, o impacto positivo da queda da Selic tem início até 12 meses antes do primeiro corte de juros.

Por volta das 13h45 dessa quarta-feira, 17 de maio, o Ibovespa operava com ligeira alta de 1,15%, no patamar de 109,4 mil pontos. Em 2023, o índice acumula um recuo de 0,5%.