A agência de classificação de risco Fitch elevou nesta quarta-feira, 26 de julho, o rating soberano do Brasil de BB- para BB, com perspectiva estável. Foi a segunda agência de risco a revisar a nota do País – em junho, a Standard & Poor’s (S&P) elevou de estável para positiva a perspectiva para a nota de crédito do Brasil.

O anúncio aproxima o Brasil da obtenção do grau de investimento, que não só confirmaria a capacidade do País em honrar seus compromissos como serviria de atrativo para investimentos.

“A atualização do Brasil reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado em meio a sucessivos choques nos últimos anos”, diz a Fitch em comunicado, acrescentando que políticas proativas e reformas realizadas permitem prever que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva trabalhará para melhorias adicionais.

Na última avaliação da agência, em dezembro – antes da posse do atual governo --, a Fitch havia reafirmado o rating do Brasil em “BB-”, com perspectiva estável.

Entre os argumentos alinhados para melhorar a nota do Brasil, a agência cita a perspectiva de crescimento do PIB real em 2023, que saiu de uma expectativa de 0,7% para 2,3%, de acordo com sua projeção. Outro ponto ressaltado são os esforços do governo para melhorar o quadro fiscal – a Fitch acredita na obtenção do resultado primário para os intervalos preconizados pelo arcabouço fiscal, de 0% do PIB em 2024 e 0,5% do PIB em 2025.

A despeito das tensões políticas persistentes desde o rebaixamento de 2018, diz o comunicado, o Brasil alcançou progresso em importantes reformas para enfrentar os desafios econômicos e fiscais.

Mas a agência faz uma ressalva: “O novo governo esquerdista de Lula defende um afastamento da agenda econômica liberal dos governos anteriores; no entanto, a Fitch espera que o pragmatismo e os freios e contrapesos institucionais mais amplos evitem desvios radicais de macro ou micropolítica, enquanto o governo também está buscando iniciativas para apoiar o setor privado (por exemplo, reforma tributária)”, diz o comunicado.

A Fitch mostra otimismo quanto à perspectiva da dívida/PIB, lembrando que a dívida do governo geral caiu para 73% do PIB em 2022, ainda acima da mediana 'BB' de 56%, mas abaixo do nível pré-pandêmico de 2019.

“A Fitch espera que saldos primários mais fracos e altas taxas de juros reais elevem a dívida para 75% em 2023 e gradualmente a partir de então, mas em um ritmo mais lento e um ponto de partida muito melhor do que esperávamos anteriormente, principalmente no momento do rebaixamento do Brasil em 2018”, ressalta a nota, lembrando que, em um cenário no qual as metas de primário sejam alcançadas nos pontos centrais e com maior crescimento do PIB, a dívida tende a se estabilizar.

“O avanço nas reformas já mencionadas poderia levar a melhoras adicionais nesses números”, diz a Fitch.

Queda de juros

Após destacar a queda da inflação, a Fitch acredita no início do ciclo da queda de juros a partir de agosto. A agência elogiou o Banco Central por manter “uma política monetária prudente e proativa durante o recente choque inflacionário”, em meio a incertezas fiscais, rigidez no núcleo da inflação e algum desvio para cima nas expectativas de inflação.

“As críticas explícitas de Lula ao BC não resultaram em tentativas de introduzir grandes mudanças na estrutura de metas de inflação, e as expectativas de inflação estão melhorando após alguns nervosismos anteriores”, observa a agência.

O governo comemorou a elevação do rating da Fitch. “Reiteramos o compromisso com a agenda de reformas em curso, que contribuirá não apenas para o melhor balanço fiscal do governo, mas também levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito, ao mesmo tempo em que assegurará a estabilidade dos preços", diz a nota divulgada pelo Ministério da Fazenda.