Depois de enfrentarem um duro cenário entre 2022 e 2023, diante do ciclo de alta dos juros pelo mundo, os investidores devem aproveitar um momento mais benigno em 2024. O motivo é a desinflação mais rápida do que esperada na maioria das economias.

Essa é a visão de Fabiano Rios, CIO da Absolute Investimentos, André Raduan, cofundador e gestor Genoa Capital, e Carlos Woelz, sócio da Kapitalo, diante das expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possa ter colocado fim às altas da taxa de juros.

“O ciclo de aperto ficou para trás, e a gente tem perspectiva de melhores condições para os ativos”, disse Rios na quinta-feira, 9 de novembro, durante painel no Macro Vision. “Ano que vem deve ser um ano mais positivo para as carteiras de todo mundo.”

A principal questão é justamente o que ocorrerá nos Estados Unidos no ano que vem. Woelz, que avalia que a economia americana não precisa passar por uma desaceleração tão forte para controlar a inflação, acredita que o cenário pode trazer boas oportunidades na Bolsa americana.

“Se tiver um soft landing [da economia dos Estados Unidos], um cenário de surpresa na Bolsa também é bem plausível”, afirmou.

Segundo Raduan, o processo desinflacionário está tendo um custo econômico menor do que o imaginado, mas ele destaca que, agora, este processo deve seguir mais lentamente nos Estados Unidos. Por isso, ele vai na contramão de muitos no mercado sobre quando o Fed vai começar a baixar os juros.

“As taxas de juros mais altas americanas vão ficar nestes patamares por mais tempo, pressionando emergentes”, afirmou.

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Da esq. para direita: André Raduan, da Genoa, Carlos Woelz, da Kapitalo, e Mariana Dreux, gestora da Itaú Asset Management

Esse ponto deve criar uma dificuldade para o Banco Central (BC) reduzir a Selic para patamares muito mais baixos do que os juros americanos, sem criar problemas para o câmbio.

A grande questão entre os gestores é sobre esse patamar. Woelz vê a possibilidade de a Selic recuar até 9% ao ano em 2024, enquanto Raduan entende que deve chegar a 10% ao ano.

Considerando essa circunstância, como também as incertezas pelo lado fiscal, com os gastos do governo apresentando aumento, os gestores entendem que o BC deve manter a cautela, sem acelerar o ritmo dos cortes.

“O BC precisa terminar esse ciclo de cortes numa postura restritiva, e tem sinalizado isso”, afirmou Raduan. “Ele precisa tomar cuidado com a inflação corrente. Embora esteja boa, tem que olhar com cautela.”