A Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou nesta quarta-feira, 31 de agosto, dois indicadores de confiança, completando o quadro de cinco estatísticas referentes a agosto apresentados nos últimos dias.

Enquanto bancos e consultorias preveem desaceleração no terceiro trimestre, os dados da FGV apontam um cenário positivo. Entretanto, os números mostram que esse viés mais otimista está sendo alimentado por fatores que, a princípio, são pontuais: a desoneração dos preços de combustíveis e energia e o pagamento do Auxílio Brasil ampliado.

Do pacote de cinco indicadores (construção, serviços, comércio, confiança empresarial e incerteza da economia), dois divulgados pela FGV recuaram: o Indicador de Incerteza da Economia e o Índice de Confiança de Serviços.

O Indicador de Incerteza da Economia declinou 4,2 pontos, para 116,6 pontos. O dado supera a média de 115 pontos observada entre julho de 2015 e fevereiro de 2020, informa a FGV que prevê “flutuação do indicador em níveis elevados”. A melhora foi influenciada pela redução da pressão inflacionária e a dinâmica favorável do mercado de trabalho.

A Pnad Contínua, referente ao trimestre encerrado em julho e publicada também nesta quarta-feira pelo IBGE, acusou taxa de desemprego de 9,1%, o melhor resultado desde 2015.

O mercado de trabalho favorece as expectativas, mas a FGV avalia que menor incerteza futura dependerá principalmente da “perspectiva de sustentação da atual fase de crescimento econômico e do quadro político após as eleições”.

Também referente a agosto, o Índice de Confiança de Serviços, por sua vez, declinou 0,2 ponto percentual, após cinco meses consecutivos de alta, e está em 100,7 pontos.

Os indicadores em 100 pontos mostram neutralidade. Com exceção da Incerteza da Economia, números acima dessa marca revelam a percepção de que a atividade avança para terreno positivo; abaixo de 100, o dado aponta perspectiva negativa.

Já o Índice de Confiança da Construção – setor que potencializa historicamente a contratação de mão de obra – subiu 1,4 ponto em agosto, para 98,2 pontos – o maior nível desde dezembro de 2013.

Embora esteja abaixo da neutralidade, de 100 pontos, o dado da construção captou “um sentimento de melhora na situação atual dos negócios e da perspectiva para os próximos meses”, afirma a FGV.

O Índice de Confiança do Comércio também avançou no período, em 4,3 pontos, para 99,4 pontos – patamar mais favorável em um ano – e foi beneficiado por expectativas mais positivas dos empresários do varejo. Também neste caso, contribuem para uma visão mais positiva a desinflação observada nos índices de preços mais recentes e o aumento da renda disponível.

Nesta quarta-feira, a FGV também publicou o Índice de Confiança Empresarial de agosto. que subiu 2,2 pontos, para 100,7 pontos – dado mais forte desde o índice divulgado no mesmo intervalo, em 2021. A Fundação avalia que essa alta na confiança do empresário sinaliza uma “saudável normalização das atividades, mas a continuidade do avanço é incerta”.