O CEO do J.P. Morgan, Jamie Dimon, ainda não decidiu em qual lado das eleições americanas, maracada para 5 de novembro, vai depositar sua confiança. Porém, isso não significa que o mais longevo executivo de Wall Street não esteja conversando com os dois candidatos à presidência, o que levanta a possibilidade de uma decisão de voto.
"Eu vou decidir, e eu vou votar", disse Dimon em uma entrevista à Bloomberg TV. “Eu me reservo o direito de fazer o que eu quiser. Sou cidadão. Posso votar. Posso dizer o que eu quiser. Nunca tive o hábito de apoiar candidatos, mas estou pensando no que quero dizer ou fazer."
De acordo com fontes ouvidas pela Yahoo Finance, as conversas com Donald Trump se concentram em políticas voltadas para os negócios, que buscam estimular o crescimento econômico, ponto de concordância entre os dois.
"Tanto Dimon como o ex-presidente Trump apoiam políticas de bom senso, como uma comissão de eficiência governamental que eliminaria fraudes e economizaria o dinheiro dos contribuintes", disse o conselheiro sênior de Trump, Brian Hughes, em comunicado.
O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos já elogiou Dimon diversas vezes durante sua campanha, apesar de ter trocado algumas farpas com o executivo ao longo dos anos. Em um de seus comunicados, Trump chegou a dizer que poderia imaginar Dimon como seu secretário do Tesouro. "Ele é alguém que eu consideraria", disse.
Nas conversas com Kamala Harris, Dimon teria apoiado iniciativas como novos créditos fiscais para americanos de baixa renda. Segundo as fontes, os dois se falaram todos os dias nas últimas três semanas, o que mostra que o executivo está animado com as perspectivas de Harris.
Apesar de não ter escolhido um lado, Dimon já deixou suas crenças claras. Para ele, é preciso ter a redução da dívida pública entre as prioridades do novo governo, pois essa é uma questão que não tem ganhado muita atenção.
Em sua visão, a melhor forma de solucionar a situação é usar a “Regra Buffett”. Na prática, isso significa taxar os ricos com a mesma taxa aplicada aos cidadãos de classe média, ou até mesmo com uma porcentagem superior.
Em um artigo publicado no Washington Post em agosto, Dimon também ressaltou que os Estados Unidos vivem um “tempo perigoso”, com os americanos profundamente divididos e o país enfrentando questões domésticas desafiadoras e, talvez, a “situação geopolítica mais complicada desde a Segunda Guerra Mundial”.
Nesse contexto, Dimon cita que há lições aprendidas com ex-presidentes americanos como Abraham Lincoln, Harry S. Truman e Dwight D. Eisenhower que os atuais candidatos devem abraçar.
Para ele, a fórmula do sucesso passa por algumas ações pontuais. A primeira é saber unir os americanos com uma comunicação regular, honesta e aberta. A segunda gira em torno de desenvolver políticas que reflitam o papel crítico dos Estados Unidos no cenário global, enquanto a terceira fala sobre a necessidade de políticas mais inteligentes, que ofereçam proteção, progresso e prosperidade à população.
“O sonho americano está desaparecendo para muitos porque as oportunidades não são compartilhadas igualmente”, ressaltou. “A ausência de uma boa política está prejudicando nosso país e, infelizmente, prejudica aqueles que já são mais desfavorecidos.”