O iene e o real são duas moedas que têm andado em uma montanha russa frente ao dólar neste ano. Se a moeda brasileira tem sofrido pelo ruído político, a japonesa “perdeu o rumo” com o fim da política monetária de taxas negativas de juro no país. E na quinta-feira, 11 de julho, subiu 3% em relação ao dólar, no maior aumento diário da divisa desde o fim de 2022.
O que colaborou para esse movimento de valorização cambial foram os dados de inflação nos Estados Unidos, que vieram abaixo da previsão de mercado. O resultado é que o Banco do Japão deve fazer uma intervenção no iene de cerca de US$ 20 bilhões.
Essa intervenção agressiva está em linha com os dados diários do saldo da conta corrente do Banco do Japão, que projetaram uma fuga de ¥ 3,17 biliões (cerca de US$ 20 bilhões) na terça-feira, 16 de julho - a data equivale aos dois dias úteis para liquidação, contando o feriado nacional de segunda-feira.
De acordo com a CNBC, analistas de mercado especularam que os diretores da instituição monetária aproveitaram a oportunidade dos dados de inflação dos EUA para entrar no mercado.
Intervir no câmbio é algo incomum no Japão. Em maio, o banco central gastou US$ 62 bilhões na primeira intervenção desde 2022. Os dados oficiais mostraram que esse movimento de venda de 9,8 bilhões de ienes ocorreu entre 26 de abril e 29 de maio.
Esse período coincide com a forte recuperação da moeda japonesa em relação ao dólar, quando o iene caiu para ¥ 160,03, o menor nível em 34 anos. Em seguida, a divisa japonesa foi a ¥ 156 por dólar, gerando especulações sobre uma possível intervenção das autoridades. Na sexta-feira, 12 de julho, o iene estava sendo negociado em torno de ¥ 157.
Nas últimas semanas, o iene tem operado perto dos menores níveis em 38 anos em relação ao dólar. A moeda japonesa acumula queda de 11% em relação ao dólar desde o começo do ano.
Masato Kanda, vice-ministro das finanças para assuntos internacionais do Ministério das Finanças, disse à Jiji Press que não estava em posição de comentar qualquer possível intervenção.