Fundada em 2019, a Avenue foi uma das pioneiras na onda de investimentos no exterior. Hoje, conta com 750 mil clientes, US$ 3,5 bilhões sob custódia e tem o Itaú como sócio, que comprou 35% da corretora por R$ 500 milhões – o banco tem ainda a opção de assumir o seu controle.
A corretora começou com investimentos em ações. E, aos poucos, foi diversificando a sua oferta. Hoje, conta com 650 fundos de investimentos, títulos de renda fixa de empresas da América Latina e dos EUA, além do serviço de banking, que dá direito a um cartão para usar no exterior.
Por conta disso, o valor da moeda americana acaba sendo um fator que fica no imaginário do investidor pessoa física. Pergunte, então, a William Castro Alves, sócio e estrategista-chefe da corretora americana Avenue, se o dólar acima de R$ 5 é caro.
De bate-pronto, ele responde. “Dólar caro é aquele que a gente não tem”, diz Alves, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais investidores do Brasil. E, na sequência, conclui. “Ao contrário das ações, o dólar sobe de elevador e desce de escada.”
É uma frase de efeito que justifica a atual cotação da moeda americana (ela fechou a R$ 5,20, na terça-feira, 30 de abril). E não faltam razões para esse dólar alto, na visão de Alves.
Há motivos globais, como a guerra Israel contra o Hamas e até mesmo a economia americana, cuja inflação não dá sinais que irá convergir para a meta de 2% rapidamente, alvo perseguido pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA.
Há também ingredientes locais. O mais recente deles foi a mudança da meta de superávit fiscal para 2025. Agora, a previsão é um déficit zero no próximo ano. “Isso acaba afetando a percepção que o investidor tem em relação ao fiscal e ele acaba cobrando mais juros. E, obviamente, a moeda reflete esse maior risco”, afirma Alves.
Conclusão? “Dado que essas coisas não parecem mudar muito no curto prazo, não teria porque esse dólar voltar muito para baixo”, afirma o estrategista-chefe da Avenue.
Outra fator que influencia todo o cenário macroeconômico é quando o Fed vai começar a cortar as taxas de juros – em reunião nesta quarta-feira, 1º de maio, o banco central americano manteve a taxa de juros dos EUA inalterada e mandou dois recados para o mercado.
“Acho que setembro ainda dá (para baixar os juros), mas a inflação tem que dar, de fato, sinal de que vai estar cedendo, que voltou para aquela trajetória benigna que a gente vinha vendo em 2023”, afirma Alves.
Por que isso é importante? A resposta de Alves é simples. “Juro é o juro americano. O resto é spread”, diz ele. “Por isso, que a taxa livre de risco é a Treasury e o resto é spread.”
E isso impacta todo o resto. Inclusive, a taxa de juros no Brasil. Alves acredita que vai ser muito difícil chegar ao fim de 2024 com uma taxa de um dígito, como antes previa boa parte do mercado.
Nesta entrevista, que você assiste no vídeo acima, Alves fala ainda sobre a eleição americanas, analisa se as “sete magníficas” – Microsoft, Apple, Nvidia, Alphabet, Amazon, Meta e Tesla – são uma bolha e diz qual é, neste momento, o “patinho feio” deste grupo.
(Reportagem atualizada com a decisão do Fed de manter as taxas de juros entre 5,25% e 5,5% nos EUA)