Desde meados do ano passado, Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla lideraram com sobras a retomada do mercado de capitais dos Estados Unidos. Juntas, elas responderam por boa parte do ganho de 24% do S&P 500 em 2023, o que lhes rendeu o apelido de as “Magníficas Sete”.
Com a virada no calendário e o fim do primeiro trimestre de 2024, o mercado acionário americano segue em escalada. Entretanto, na contramão da manutenção desse viés de alta, há baixas no septeto que, até pouco tempo, vinha sustentando essa marcha.
Enquanto o S&P 500 avançou 10% entre janeiro e março, seu melhor início de ano desde 2019, as ações da Apple recuaram 11% e, as da Tesla, quase 30%. Os papéis da Alphabet também caíram em boa parte do trimestre, mas se recuperaram e fecharam o período com alta de 8%.
Com as três empresas destoando de seus pares, uma reportagem do The Wall Street Journal (WSJ) mostra que já há analistas de mercado prevendo o fim das “Magníficas Sete” e a formação de um novo grupo, batizado agora de as “Quatro Fabulosas” (Fab Four).
A referência ao nome pelo qual os quatro integrantes dos Beatles ficaram conhecidos não é por acaso. Amazon, Meta, Microsoft e Nvidia seguem afinadas e reforçando o coro de recuperação, mesmo sem o auxílio de suas antigas “colegas”, e com níveis de valorização superiores aos do mercado.
A Nvidia, por exemplo, viu suas ações valorizarem mais de 82% no trimestre. Já os papéis da Meta tiveram alta de 37,1%, enquanto os da Amazon e da Microsoft subiram, respectivamente, 18,7% e 11,8%. As Fab Four responderam por quase metade do avanço do S&P 500 no período.
Para alguns investidores, a continuidade dessa retomada é um sinal de que, à parte de Apple, Tesla e Alphabet, e das “Fab Four”, outros players estão participando desse processo. Nessa linha, todos os setores, com exceção do real estate, registraram ganhos no período.
Entre os segmentos que reportaram alta no primeiro trimestre, reforçando a ideia de que o mercado mais amplo poderá ter uma boa parcela de contribuição nessa ascensão, estão os de serviços financeiros, industrial e de small caps.
“O fato de o mercado ainda estar mantendo esses níveis e negociando em alta sem toda a força das Magníficas Sete é, na verdade, algo bastante positivo”, afirmou Joseph Ferrara, estrategista de investimentos da Gateway Investment Advisers, ao WSJ.
Apesar dessa visão otimista, que é ampliada pela percepção de que a economia americana escapou de uma recessão profunda e pela expectativa de que o Federal Reserve vá reduzir, em breve, a taxa de juros, há quem faça algumas ressalvas.
Uma parcela dos investidores teme que a disparidade no desempenho das antigas integrantes das “Magníficas Sete” seja um sinal de exaustão na recuperação do mercado. Eles também levantam o questionamento se, a partir de agora, será mais difícil para essas empresas obterem ganhos.
Para Jonathan Golub, estrategista do UBS, uma das razões que justifica esse olhar menos favorável e a previsão sobre o fim do grupo é a perspectiva de que será um desafio para essas companhias superarem o crescimento “explosivo” que reportaram no ano passado.
Nesse caminho, alguns desses players têm desafios adicionais. A Tesla, por exemplo, tem enfrentado uma pressão crescente de rivais chineses, como a BYD, e, num fator agravante, já alertou para a expectativa de um crescimento mais lento em 2024.
A Apple, por sua vez, também tem diversas questões à frente para resolver. Entre elas, a menor demanda pelo iPhone, seu carro-chefe. A mais recente envolve uma ação movida pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos acusando a empresa de construir um monopólio.