Recentemente, a Amazon anunciou que a tecnologia Just Walk Out, plataforma de pagamentos automáticos que permite aos consumidores efetivarem suas compras sem que precisem passar no caixa, deixaria de equipar suas novas e antigas lojas físicas nos Estados Unidos.

A tecnologia será substituída pelos dash carts, os carrinhos inteligentes desenvolvidos pela Amazon. Entre outros recursos, eles têm sensores que identificam e cobram automaticamente os itens, além de telas que mostram as ofertas de produtos e sua localização no estabelecimento.

Essa troca não significa, porém, que a big tech americana está abandonando o “carrinho” da Just Walk. Se a plataforma está perdendo seu lugar dentro de casa, por outro lado, a ferramenta deve ganhar espaço em outra prateleira: as lojas de outros varejistas.

Na quarta-feira, 17 de abril, Dilip Kumar, vice-presidente de aplicações da AWS (Amazon Web Services) afirmou em nota que o plano é mais do que duplicar o número de lojas de terceiros com essa tecnologia embarcada.

“Temos forte convicção de que a tecnologia Just Walk Out será o futuro nas lojas que possuem um mix selecionado e onde os clientes podem entrar, pegar um pequeno número de itens que precisam e simplesmente sair”, afirmou Kumar, no comunicado.

Segundo o executivo, a tecnologia já é usada em mais de 140 lojas nos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá. E já contabiliza a venda de mais de 18 milhões de itens na soma das unidades em que é adotada.

Essa base em pontos de venda de terceiros começou a ser construída em 2020 e inclui desde segmentos como agências de viagens e lojas de conveniência a pontos de venda instalados em arenas esportivas, parques temáticos e hospitais.

Na prática, a plataforma usa câmeras, inteligência artificial e sensores para identificar o que é retirado das gôndolas. Os recursos são similares aos dos dash carts, mas essa última tecnologia tem se mostrado mais eficaz para outro perfil de compra, com um volume maior de itens e gastos mais elevados.

“Descobrimos que os clientes das grandes lojas querem que um assistente de compras os acompanhe”, disse Jon Jenkins, vice-presidente da Just Walk Out, à agência Associated Press. Já nas lojas menores, ele observou que os consumidores querem “entrar e sair rapidamente”, com o mínimo de atrito possível.

Nesse olhar para fora, a Amazon também anunciou que vai ofertar os dash carts para outros varejistas. Assim como já acontece com a Amazon One, outra tecnologia desenvolvida inicialmente para a sua rede e que permite ao cliente efetuar a compra usando apenas a palma da mão.

Hoje, além de mais de 500 lojas nos Estados Unidos da Whole Foods, rede de propriedade da Amazon, a Amazon One já é usada por mais de 150 varejistas em locais como arenas esportivas, aeroportos e lojas de conveniência.

Antes de explorar outros espaços, a gigante americana enfrentou problemas com a Just Walk Out, a partir de reportagens de veículos como o portal americano The Information, dando conta que o sistema dependia de profissionais que monitoravam os clientes enquanto eles faziam suas compras.

Segundo a publicação, a Amazon também usa cerca de mil funcionários na Índia para revisar as transações feitas por meio da plataforma e catalogar as imagens captadas para ajudar a treinar os algoritmos de inteligência artificial que fazem a ferramenta funcionar.

No comunicado, Dilip Kumar disse que os relatos de que a tecnologia depende de “revisores humanos” monitorando os consumidores são falsos. E ressaltou que boa parte dos sistemas de inteligência artificial é continuamente aprimorada por informações como dados de compras em tempo real.

“Nossos profissionais são responsáveis por esta etapa de rotulagem e anotação. Eles não assistem a vídeos ao vivo de consumidores para gerar os recibos – isso é feito automaticamente pelos algoritmos. E não é diferente de qualquer outro sistema de IA”, observou.