Como sempre ocorre após forte e indiscriminada venda de ativos, os mercados, sobretudo as bolsas, buscam um ponto de equilíbrio. Não há, porém, garantia de sucesso, quando o evento mais aguardado – a definição da taxa básica de juro pelo Federal Reserve (Fed), o BC americano – ocorrerá amanhã, quarta-feira, às 15h, de Brasília.
Por ora, os mercados juntam os cacos, contabilizam perdas e digerem informação preocupante. Pesquisa do Bank of America (BofA), com 226 participantes com US$ 747 bilhões sob gestão na semana até 10 de junho, concluiu que 73% dos entrevistados esperam a economia dos EUA fraca nos próximos 12 meses, noticia a Bloomberg. O temor de estagflação – caracterizado por longo período de baixo crescimento e inflação alta – está no patamar mais alto desde a crise financeira de 2008.
Essa expectativa é refletida no mercado acionário. O tombo do S&P 500, que fechou a segunda-feira em território de urso ou valendo 20% menos em relação ao seu pico alcançado em janeiro de 2020, agravou perdas que, desde o pico do indicador em 3 de janeiro, totalizam US$ 9,2 trilhões de valor das empresas. A Economatica informa que as cinco maiores viram seu valor de mercado encolher em mais de US$ 3 trilhões no período.
A Apple encolheu US$ 851,6 bilhões; a Microsoft, US$ 701,4 bilhões; a Amazon, US$ 673,6 bilhões; a Tesla, US$ 534,3 bilhões; e a Alphabet, US$ 521,1 bilhões. No total, o valor de mercado dessa elite de companhias caiu US$ 3,28 trilhões.
Há uma perda de riqueza absolutamente massiva, incluindo no cálculo a desvalorização dos títulos do Tesouro americano. Ontem, o Treasury com prazo de 10 anos – benchmark para renda fixa soberana no planeta – saltou a 3,37%. Na manhã desta terça-feira, já alcançava 3,41%.
As perdas se avolumam, considerando a desvalorização das criptomoedas, como o Bitcoin, que perdeu cerca de 20% na abertura da semana, tocando US$ 23.000 e, também na manhã desta terça, testou a resistência de US$ 21.000. A forte desvalorização desencadeou um intenso processo de resgates em fundos lastreados em cripto.
O colapso da plataforma de empréstimos de criptomoedas Celsius contribuiu para arrastar a cotação do Bitcoin ao interromper saques, negociações de swap e transferências por “condições extremas de mercado”.