A economia cresce e a inflação declina neste ano e no próximo. Esse é o “mantra” que tanto governo quanto o setor privado gostariam de repetir o tempo todo, torcendo por sua confirmação. E parece estar dando certo.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – dado que para o mercado antecipa o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – subiu 1,17% de junho para julho, informa o BC nesta quinta-feira, 15 de setembro.
Esse avanço, quase quatro vezes superior à expectativa de 0,30%, segundo a Refinitiv, elevou a 2,09% a expansão da atividade em 12 meses e a 3,87%, ante julho do ano passado. “Um crescimento sólido”, avalia o Goldman Sachs.
A perspectiva de crescimento ascendente e inflação em baixa é corroborada pelo Ministério da Economia que aponta há meses essas tendências que são reafirmadas, também nesta quinta-feira, 15 de setembro, por novas projeções de indicadores divulgados pela Secretaria de Política Econômica.
O Brasil deve crescer 2,7% em 2022 e 2,5% ao ano entre 2023 e 2026 – período que compreende o mandato do próximo presidente da República a ser eleito em outubro, informa o Boletim Macrofiscal.
O documento traz as projeções de dados que vão embasar a avaliação de receitas e despesas do governo no último trimestre deste ano.
As projeções da Economia são revistas a cada bimestre. Portanto, essa é a última a ser apresentada pela equipe econômica do atual governo.
A próxima releitura dos dados ocorrerá em novembro, quando terá ocorrido o 2º turno da eleição presidencial e o país já terá definido o próximo chefe do Palácio do Planalto.
A expectativa anterior do Ministério da Economia para o PIB deste ano era de 2%. Para os anos seguintes não houve alteração. Técnicos da pasta já trabalhavam com perspectiva de crescimento de 2,5% ao ano.
Essa estimativa alongada difere consideravelmente da expectativa do mercado. Segundo a Focus – pesquisa divulgada semanalmente pelo BC com projeções de uma centena de contribuidores – o PIB brasileiro deve desacelerar fortemente de 2,39% este ano para 0,50% em 2023, avançando a 1,80% em 2024, a 2% em 2025.
Em sua análise de cenário, o Ministério da Economia afirma que o resultado positivo do PIB de 1,2%do segundo trimestre superou a estimativa do mercado e da pasta, indicando um carregamento estatístico de 2,4% para 2022.
Na prática, portanto, se a economia brasileira crescer 0% no terceiro e no quarto trimestres, o PIB do país já tem garantida expansão de 2,4% este ano.
A despeito da sinalização positiva, o Ministério da Economia alerta para a importância de riscos a serem monitorados no médio prazo e enfatiza a desaceleração do crescimento global e os impactos da guerra na Ucrânia.
Também deve ser observada a quebra de cadeias de produção e distribuição de bens que têm afetado a oferta e provocado a redução do comércio internacional.
O Ministério da Economia também revisou suas estimativas para a inflação. E espera para o IPCA deste ano alta de 6,30%. Na leitura anterior, a estimativa era de 7,2%.
As projeções para a inflação no período de 2023 a 2026 permanecem em 4,5%. Contudo, os técnicos do governo afirmam esperar a convergência do indicador para a meta de 3%, a partir de 2024.
Para a Dívida Pública em proporção do PIB, a pasta projeta entre 76,8% e 79,4%, lembrando que são fatores condicionantes desse resultado uma melhora no resultado primário das contas públicas, aumento de juros nominais, crescimento real do PIB e apreciação da taxa de câmbio.