O hotel Rosewood São Paulo foi eleito o melhor hotel da América do Sul e conquistou a 27ª posição no ranking geral do primeiro The World’s 50 Best Hotels, esta semana, em Londres. A distinção, que o colocou à frente de ícones mundiais como o Le Bristol, de Paris, reforçou os holofotes na hotelaria de luxo da cidade.
O mercado está em “ebulição” por aqui e se tornará ainda mais competitivo com a chegada do argentino Faena e da rede W no país, anunciados para o próximo ano. As duas novas bandeiras terão modelos híbridos de hotel e residencial, assim como a unidade do Fasano, inaugurado este ano no bairro do Itaim, na capital paulista.
A disputa por hóspedes de luxo vai ficar mais acirrada até mesmo para quem já está estabelecido no mercado como o hotel Emiliano. Mas Gustavo Filgueiras, CEO do grupo Emiliano, pretende correr por fora com um "novo conceito de hotelaria", o V3rso, e assim, acessar o público mais jovem.
Cultivado por uma década, lançado há dois anos e com a primeira entrega na cidade prevista para fim de 2024, na Alameda Santos, nos Jardins, o V3rso é a versão mais “acessível” do hotel Emiliano, que se tornou icônico na categoria de luxo. É o que Filgueiras chama de “tech butique hotel”, ou seja, pequeno, sofisticado e ancorado em uma plataforma digital.
“Une a experiência segura e personalizada do luxo com a autonomia e informalidade do digital. É a união desse mundo Airbnb com hotel de luxo. É uma evolução digital do Emiliano", disse ele ao NeoFeed. No Emiliano, diz, a idade média do público é de 50 anos. "No V3rso deve ficar entre 30 e 40 anos."
Diferentemente da concorrência que está se concentrando ao redor da avenida Faria Lima, Filgueiras está mapeando outros bairros da cidade. “Estamos em conversas para ter V3rso na Vila Madalena, Higienópolis e no Parque Global (novo complexo imobiliário na marginal Pinheiros, no Real Parque). Pelo nosso estudo cabem oito na cidade.” Os planos para o V3rso não se restringem a São Paulo, contudo. “A meta é ter 100 deles em 15 anos.”
No Brasil, além das capitais, entre as cidade mapeadas, 34 estão sendo "atacadas". De Joinville a Fortaleza, assim como Campinas e Ribeirão Preto. “São municípios com densidade demográfica, a partir de 750 mil habitantes, relevância econômica e hábitos de consumo de luxo.” A internacionalização para a América do Sul, também prevista, não entraria nesta conta.
Além da unidade da Alameda Santos, a bandeira foi lançada em Porto Alegre e este mês serão abertas as vendas para a unidade de Goiânia. O VGV destes três empreendimentos em desenvolvimento chega a R$1 bilhão.
“Devemos fechar mais dois contratos este ano e outros dois no próximo ano”. Quem bate o martelo contudo, são as incorporadoras. Em cada uma das praças o grupo tem um investidor local. Em São Paulo, a parceria é com o You, Inc. Em Porto Alegre, com a Melnick e em Goiânia é com a WV Maldi.
O V3rso também é um modelo de empreendimento híbrido em que, em média, 20% das unidades seguem para a hotelaria. Mas o investidor do residencial pode optar por converter seu apartamento ao pool do hotel. O grupo Emiliano faz a gestão hoteleira e condominial dos empreendimentos
“A gente agrega valor e eficiência de custo num mundo em que a mão de obra está cada vez mais difícil e escassa. O hotel oferece o serviço para o residencial e por outro lado compartilha dessa estrutura do edifício.”
Segundo ele, os residências destes empreendimentos valorizaram 30% na média da região. E com essa configuração híbrida, o hotel se viabiliza em cidades que têm um público exigente, mas não com uma demanda tão grande. “No Emiliano, para 56 quartos temos de ter 500 a 700 pessoas novas todo mês”
Um hotel de luxo que tem custo estrutural muito elevado não se sustentaria nestas cidades, em que o fluxo é maior de "pessoas eventualmente em função operacional e mais sensíveis ao preço.”
O “diferencial” do V3rso que permite a "escalabilidade" está na plataforma que vem sendo desenvolvida pela Thoughworks, a “mesma empresa do banco C6”, O investimento até agora nesta etapa foi de R$12 milhões.
Com a parceria será possível digitalizar o processo de hospedagem da reserva ao check-in e check-out, assim com o acesso ao hotel. E dispor de quartos automatizados que “aprendem pelo comportamento do cliente” combinando IA e internet das coisas. Dessa forma, as diárias devem custar 60% menos que um hotel de luxo. Enquanto no Emiliano a tarifa é de R$ 3 mil, no V3rso da alameda Santos, por exemplo, deve ficar em torno de a R$1,2 mil.
Com reserva, formulário de preferências e pagamento feitos virtualmente, o hóspede passa por um reconhecimento facial para entrar no empreendimento. “Uma das inspirações foi a segurança do banco digital.”
Por meio da plataforma, o sistema também permite estabelecer a entrada e saída mais conveniente, além prolongar a estadia comprando mais horas de permanência. “Como acontece no setor de aluguel de carros, por exemplo.”
Do contexto da aviação, diz ele, "a gente tem uma operação a pré-paga e parcelada, só que com uma política bastante flexível de cancelamento."
No quarto, ao entrar as preferências do hóspede são ativadas, como incidência de luz e temperatura. Com estas "etapas resolvidas pela tecnologia", cabem no orçamento do V3rso os lençóis de algodão egípcio, o estilo de decoração e o serviço de concierge tão apreciados no Emiliano.
“Vamos continuar a mapear as melhores opções em cada cidade para o hóspede. E buscar o doce preferido dele onde for possível na região.”