Deu! Nem Elon Musk aguenta mais. O bilionário sul-africano baniu do Twitter o rapper Kanye West – ou Ye, como também é conhecido.

“Eu dei o meu melhor. Apesar disso, ele violou novamente nossa regra contra o incitamento à violência”, tuitou o dono da Tesla, da SpaceX e, agora, do Twitter, que ele comprou por US$ 44 bilhões. “A conta será suspensa.”

Ao longo dos últimos dias, Musk e West vinham trocando agressões pela rede social, depois de uma série de comentários antissemitas do músico. A gota d’água foi o compartilhamento pelo rapper da imagem de uma suástica sobreposta à estrela de Davi.

“Desculpe, mas você foi longe demais. Isso não é amor”, disse o empresário. “Fafo [fuck around and find out].”

Musk falando em amor? Uma estranha novidade. Autodeclarado “absolutista da liberdade de expressão”, ao assumir o Twitter, em outubro deste ano, o bilionário comemorou a volta do rapper à rede social.

A antiga administração, em 10 de outubro, bloqueara o perfil de Ye, por incitação à violência. Quando, pelo mesmo motivo, a empresa cancelou a conta do ex-presidente americano Donald Trump, em 2021, Musk criticou duramente a decisão.

Antes de ser banido, West divulgou uma fotografia de Musk, de calção, no iate do empresário Ari Emanuel, em julho, no mar Egeu. Na legenda: “Vamos sempre lembrar disso como meu tweet final #ye24”.

Como dois adolescentes, Musk correu e retrocou que o rapper não estava sendo cancelado por aquela imagem nada lisonjeira, mas por causa de seu discurso de ódio. A foto, provocou o bilionário, seria de grande utilidade para incentivá-lo a emagrecer.

Aos 45 anos, o rapper coleciona polêmicas de toda natureza. Sua misogenia, racismo e preconceito impactam não só sua vida pessoal e social, mas também seus negócios. O discurso antissemita levou a Adidas romper o contrata com a Yeezy, marca de roupas de West.

A Balenciaga e a Gap também se afastaram do músico. Com o fim dos contratos, segundo a Forbes, West poderia perder US$ 1,5 bilhão, o que o tiraria da lista dos mais ricos do mundo. Seu patrimônio líquido agora estaria avaliado em US$ 400 milhões.

Sem fabricante para suas coleções de roupa, o músico correu para a Skechers. Apareceu de supetão na empresa de calçados, exigindo ser recebido pelas lideranças da companhia. Bateu com a cara na porta e foi convidado a se retira do local.

Sua gravadora, a Universal Music, também já sinalizou que não está nada satisfeita com a violência de West. A lista de desafetos só cresce. Anne Wintour, a todo-poderosa da Vogue, o cantor Justin Bieber e sua mulher Hailey Bieber, o compositor John Legend e a atriz Jamie Lee Curtis, entre outros, já se manifestaram contra o discurso de ódio do músico.

Em novembro, a revista Rolling Stones publicou uma reportagem com ex-funcionários de West. Segundo eles, o músico teria exibido vídeos de sexo para a equipe da Yeezy, bem como gravações e fotos explícitas de sua ex-mulher, a socialite Kim Kardashian.

Por causa de seu comportamento, West corre o risco de perder a guarda compartilhada de seus quatro filhos. Casados por sete anos, o divórcio foi anunciado em fevereiro de 2021. Desde então, sempre que pode, o rapper insulta Kim pelas redes sociais. Ele também já faltou a diversas sessões na Justiça, que definiriam a guarda das crianças.

A agressividade (e cretinice) do músico parece não ter limites. No início de outubro, a conta dele no Instagram foi suspensa, por postagens antissemitas. West postou um trecho da conversa com o rapper Diddy, que o criticara por ter usado, durante um desfile de moda em Paris, uma camiseta com os dizeres “White lives matter”.

Afirmando que Diddy estava sendo “controlado pelos judeus”, o rapper se autodefiniu como um “nível de ameaça 3 aos judeus”. A expressão faz referência ao termo “defcon”, estado de alerta usado pelas forças armadas americanas.

Banido do Instagram, o fã de Hitler, como West costuma se declarar, choramingou que teria perdido US$ 2 bilhões em um único dia. Propagandista de informações falsas, West já disse que a morte de George Floyd, em maio de 2020, não foi em decorrência da violência policial, mas pelo uso de drogas.