O céu é de brigadeiro para a aviação executiva no Brasil. Em 2024, o setor cresceu 5,7%, Associação Brasileira de Aviação Geral. Com 10.632 aeronaves, o país é dono da segunda maior frota do mundo. Só está atrás dos Estados Unidos com quase 15,5 mil aviões.

Levantamento recente da Mordor Intelligence indica: até 2029, os jatos executivos devem movimentar US$ 1,31 bilhão América Latina — em 2024, foram US$ 640 milhões. À frente desse movimento de ascensão está o Brasil. Por aqui, a fila de espera para a compra de uma aeronave nunca foi tão grande e pode chegar a 5 anos.

Quando o assunto é helicóptero, os números são ainda mais impressionantes. Com 2 mil aeronaves, o Brasil é líder absoluto, indicam os cálculos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Só em São Paulo, são 400 — mais do que em Nova York e Tóquio.

Vários fatores explicam o fenômeno. O primeiro deles: o aumento na quantidade de milionários brasileiros. Até 2028, serão mais 83 mil a ostentar o status, segundo relatório Global Wealth Report 2024, realizado pelo UBS. Um acréscimo de 22%, o que totalizará 463,8 mil pessoas com mais de US$ 1 milhão na conta bancária.

Uma aeronave particular economiza um dos recursos mais valiosos da contemporaneidade — o tempo. Ir e vir quando e como se deseja, sem enfrentar o trânsito caótico das grandes cidades ou ter de se submeter às inconveniências dos voos de carreira… atrasos, falta de espaço, superlotação, comida de péssima qualidade, comissários de bordo despreparados… esse é o verdadeiro luxo.

Não à toa, o tempo é frequentemente protagonista das campanhas publicitárias das gigantes da aviação executiva. A Gulfstream, por exemplo. Entre as maravilhas alardeadas sobre seu jato mais moderno, o G800, está uma informação preciosa: ao voar em velocidade máxima, o avião é capaz de reduzir em uma hora e meia as viagens acima de 12 mil quilômetros.

“Com a aviação executiva, você voa na hora que quer, sai de onde quiser, com o melhor conforto possível”, afirma Carlos Brana, vice-presidente executivo sênior da Dassault Aviation, ao NeoFeed. “É o mix da conveniência de poder continuar trabalhando no trajeto e chegar ao destino sem sentir os efeitos de um voo comum. Ou seja, você aproveita todos os momentos ao máximo.” Tempo é dinheiro!

Com essas facilidades, o executivo afirma que é notável o crescimento em horas voadas nos últimos anos, independentemente se o avião é próprio, alugado ou mesmo fracionado. Na companhia francesa, o crescimento vem consistente desde o controle da pandemia de covid-19 e as expectativas para os próximos anos são de continuidade nesse processo.

Um sinal inequívoco do avanço no setor Brasil é o aumento ano a ano do Catarina Aviation Show, evento organizado pela JHSF e NürnbergMesse, do qual o NeoFeed é parceiro de mídia. Os três dias de feira, a ser encerrada neste sábado, 7 de junho, reuniram no aeroporto executivo internacional Catarina, na cidade de São Roque, no interior paulista, 70 marcas.

Entre as já tradicionais, Gulfstream, Bombardier, Embraer e Airbus, várias estrearam no evento este ano, como a Dassault e a Boeing. De 2024 para 2025, a área da feira mais do que dobrou, chegando a 17 mil metros quadrados.

Com a consolidação do Catarina Aviation Show como referência da aviação executiva da América Latina, muitas marcas esperam para apresentar seus novos produtos por aqui.

A Airbus, por exemplo, trouxe o modelo ACJ TwoTwenty. Com 786 pés quadrados, do tamanho das aeronaves utilizadas na ponte aérea, o avião foi remodelado para a aviação executiva.

Entre os destaques da aeronave, ela tem um alcance de voo de 10,5 mil quilômetros, o que permite ir de Londres a Los Angeles, de Moscou a Jacarta ou de Tóquio a Dubai sem precisar parar para abastecer.

Com capacidade para 18 passageiros, o modelo é três vezes maior do que um jato executivo de grande porte e conta com seis zonas, cada uma de 12 metros quadrados.

A fila para conhecer o avião se manteve enorme durante todo o primeiro dia de evento. Na Airbus, mas também na Gulfstream, na Bombardier, na Dassault… a previsão para aviação executiva no Brasil é de tempo claro, sem turbulências.