Fundada em 1957 por Allen Eugene Paulson (1922-2000), a Gulfstream se tornou objeto de desejo de empresários, chefes de Estado, artistas e celebridades.
Bill Gates, Elon Musk e Jeff Bezos têm um Gulfstream para chamar de seu. Oprah Winfrey, Tom Cruise, Drake e Kim Kardashian também. Por aqui, a lista inclui Jorge Paulo Lemann, Roberto Carlos e Gusttavo Lima, entre outros.
Na última década, a frota da empresa cresceu 35%. Hoje são mais de 3 mil aeronaves voando de norte a sul, leste a oeste do planeta — cerca de 260 delas na América Latina, com Brasil e México como os maiores mercados.
Não à toa, na abertura do Catarina Aviation Show, na quinta-feira, 5 de junho, a fila para conhecer o modelo G600 da companhia era enorme — entre os visitantes, muitos potenciais compradores. Quando entrou em serviço em 2019, o avião era o jato executivo mais veloz e de maior alcance do mercado.
Com capacidade para 13 passageiros e até quatro áreas de estar, o avião quebrou, pelo menos, 50 recordes de velocidade em rotas como Washington DC-Riyad, Paris-Rio de Janeiro e Londres-Seattle. Em todos, voando a Mach 0,9.
No jargão aeronáutico, o termo designa a relação entre a velocidade da aeronave e a velocidade do som — Mach igual a 1 equivale à velocidade do som, 1.216 quilômetros por hora, no nível do mar. Ou seja, o G600 é quase um supersônico.
Equipada com 14 janelas, a cabine, com suas linhas elegantes, materiais de alto padrão e focada no silêncio, rendeu à aeronave o prêmio The International Yacht & Aviation Awards. Hoje, a aeronave custa a partir de US$ 60 milhões e há, pelo menos, 160 delas em operação no mundo.
Nova York-Dubai sem escalas
A Gulfstream não levou seu modelo mais novo para o Catarina Aviation Show, do qual o NeoFeed é parceiro de mídia. Mas o G800 já estava disponível para venda, como explicou Angie Ambnerg, diretora sênior da companhia, responsável pela área de corporate communications.
Certificado em abril passado pela Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) e pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), o G800 é atualmente o jato executivo de maior alcance da indústria — 15.186 quilômetros, o que permite fazer Nova York–Dubai ou Londres–Sydney, sem escalas.
Com capacidade para 16 passageiros e quatro tripulantes e 16 janelas, o jato atinge a velocidade máxima de Mach 0,935. Ao voar distâncias maiores em velocidades máximas, o G800 chega a economizar uma hora e meia em viagens com mais de 12.038 quilômetros.
Além disso, a aeronave também apresenta uma das menores altitudes de cabine — o que reduz aquela sensação desconfortável de pressão típica dos trajetos aéreos. O ar dentro do avião é renovado a cada dois ou três minutos e purificado por um sistema de ionização de plasma. E a iluminação LED de alta definição permite que o viajante ajuste o ambiente interno de modo a facilitar a adaptação a novos fusos horários, lê-se no material de apresentação do G800.
Tem mais. As distâncias de decolagem e pouso do jato estão entre as menores do setor — o que é crucial para que as aeronaves operem em aeroportos de pistas curtas, uma necessidade frequente na aviação executiva. O novo avião da Gulfstream precisa de, no mínimo, 1.771 metros para levantar voo e de 946, para pousar.
O preço da rapidez e do conforto proporcionado pelo G800? US$ 100 milhões, no mínimo.
Recorde atrás de recorde
A entrada em operação do novo jato acontece em um momento bastante favorável da companhia. Em 2024, a empresa atingiu US$ 11,2 bilhões em receitas — 30,5% a mais na comparação com o ano anterior. E, no primeiro trimestre de 2025, as receitas da Gulfstream aumentaram 45,2% em relação ao ano anterior, chegando a US$ 3,026 bilhões. No mesmo período, os lucros dispararam quase 70%, batendo US$ 432 milhões.
As entregas de aviões no mesmo período cresceram 50%, o que corresponde a 36 aeronaves. Delas, 30 eram jatos de cabine grande, incluindo 13 do modelo G700 — cuja primeira compra no Brasil, aliás, foi celebrada durante o Catarina Aviation Show de 2024, por US$ 90 milhões. A companhia pretende fechar o ano com 150 aviões entregues.
A cada modelo lançado, a Gulfstream estabelece novos recordes e ajuda a remodelar a indústria da aviação corporativa.
As janelas ovais
Tudo começou em 14 de agosto de 1958, quando o GI decolou de Bethpage, em Long Island, no estado de Nova York. Era o primeiro avião executivo do mundo a alçar voo.
Aqui, uma curiosidade: as janelas ovais panorâmicas, marca registrada dos aviões Gulfstream até hoje, foram incorporadas à aeronave no ano seguinte, inspiradas pelo pedido de um cliente por maior visibilidade.
Depois do GI, veio o GII, o primeiro jato da companhia e o primeiro avião executivo do mundo a conectar os Estados Unidos à Europa sem escalas — o voo entre Teterboro, em Nova Jersey, e Londres aconteceu em 4 de maio de 1968.
O GIII foi o primeiro a voar pelos polos Norte e Sul, em novembro de 1983. Por duas vezes, entre 1987 e 1988, o GIV circunavegou o globo, atingindo velocidades nunca imaginadas para uma “aeronave de negócios”.
Em 2021, a companhia foi a primeira entre as fabricantes de jatos executivos a assinar o acordo de intenções Clean Skies for Tomorrow 2030, iniciativa do Fórum Econômico Mundial com o objetivo de promover a adoção do SAF, combustível renovável — a aviação está entre os maiores emissores de gases de efeito estufa da economia global.
E, assim, segue o pioneirismo da empresa. A tendência da companhia para a inovação ganhou impulso decisivo em 1999, quando a General Dynamics, multinacional americana aeroespacial e de defesa, comprou a Gulfstream por US$ 5,3 bilhões. Em apenas 15 anos, a companhia lançou quase uma dezena de modelos inteiramente novos — um ritmo raramente (quiçá, jamais) visto na aviação executiva.