Estamos acompanhando o surgimento e a evolução de novas tecnologias como metaverso, blockchain, IoT, NFTs, realidades aumentada, mista e virtual, que têm o poder de impactar a vida das empresas e das pessoas, seja nas relações pessoais, no trabalho ou no lazer.

Quem atua nos segmentos de tecnologia da informação e de telecomunicações, sabe que é preciso muito investimento em infraestrutura digital e inovação para que os usuários finais, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, usufruam das novas soluções.

E a necessidade dessa base tecnológica é cada vez maior, por causa do crescente volume de dados que trafegam pelas redes de fibras e data centers e que exigem baixíssima latência para oferecer uma melhor experiência do usuário final, nestas novas aplicações que surgem a cada dia. Até bem pouco tempo atrás, mais ou menos quando a pandemia de covid-19 começou, em meados de 2020, muitas discussões se davam sobre as vantagens da cloud computing.

Havia ainda muita resistência de empresas em adotar esta tecnologia. Mas, com as mudanças no padrão de acesso e uso de internet, as organizações tiveram que se reinventar. E a cloud computing tornou-se parte da rotina, dando lugar a discussões como a chegada do 5G, que repete o mesmo percurso e que já está sendo incorporada em nossas vidas.

Neste meio tempo, novos temas no âmbito da tecnologia ganharam mais espaço nas discussões: o metaverso, que já vem sendo testado pelas grandes marcas; IoT, que deve ocupar mais espaço com a chegada do 5G; e o edge computing (computação em borda) – este, por ser de extrema importância, deve ser mais abordado a partir de agora, quando outras tecnologias citadas começam a efetivamente chegar até o cidadão comum.

E o que todas essas tecnologias têm em comum? A geração de um grande volume de dados, exigindo uma elevadíssima capacidade computacional e uma ultrabaixa latência, para que todos os serviços prometidos por elas funcionem com efetividade.

Principalmente, as aplicações em tempo real que a nova tecnologia 5G proporcionará como o funcionamento de carros autônomos, as cirurgias a distância, automação industrial e agrícola, operação de cidades inteligentes, gamers e muitas outras funcionalidades que poderão ser criadas.

A nova realidade virtual do metaverso, por exemplo, se apresenta ainda como potencial desbravador de novas possibilidades de aplicação.

E é aí que entram também os edge data centers, solução que vai aquecer ainda mais o setor de data centers, que já movimenta em torno de US$ 4,5 bilhões ao ano, somente aqui no Brasil. No mundo, a consultoria Mckinsey estima que US$ 250 bilhões serão gastos em edge computing até 2025.

No mundo, a consultoria Mckinsey estima que US$ 250 bilhões serão gastos em edge computing até 2025

As OTTs, que ofertam muito conteúdo, já são grandes usuárias dos edge data centers, por entenderem rapidamente que manter sua hospedagem na borda (local mais próximo possível do uso da aplicação, pelo usuário final), irá viabilizar a baixíssima latência e a melhor experiência do cliente com o serviço de conectividade.

Este novo uso deverá ser estendido também para as operadoras e provedores regionais. Há uma pesquisa do Gartner, publicada pela Forbes, que aponta para esta tendência, segundo a qual apenas 10% dos dados atuais estão sendo criados e processados fora dos data centers tradicionais. Até 2025, esse número deverá aumentar para 75%, devido à rápida expansão da IoT e ao crescente poder de processamento dos mobile devices.

Em um país grande como o Brasil, a expansão da infraestrutura de conectividade e de processamento de dados precisará ser pensada e desenhada em termos regionais, com as empresas de infraestrutura de backbone reprogramando rotas de transporte, PoPs (Pontos de Presença) e criando edge data centers para atender às realidades localizadas e à crescente demanda por experiências em tempo real.

Também a entrada em vigor da LGPD tem contribuído para o crescimento e uso dos data centers, em função da obrigação de que as organizações mantenham seus dados armazenados no país. De acordo com o relatório intitulado “State of the Edge”, da Linux Foundation, até 2028 a América Latina terá 7% da edge infraestrutura global, que chega a mais de 1,5 GW de capacidade.

Na V.tal, como um provedor de infraestrutura digital, estamos muito atentos a estes processos de inovação, novas aplicações e migração dos padrões de consumo e de uso.

Nossos estudos e análises de tráfego permitem atestar que as soluções edge, em termos de processamento e apoio à conectividade, considerando ainda a consolidação do 5G e das tecnologias associadas como IoT, representam um daqueles paradigmas que, como citado no início, surgem de forma tímida para, de repente, pressionarem pelo aumento da infraestrutura de suporte. Segundo estudo da Mckinsey, estima-se que 52 bilhões de dispositivos estarão conectados até 2025.

Ou seja, a edge computing será viabilizada apenas a partir de uma infraestrutura robusta e muito bem distribuída de edge data centers e cabos de fibra ótica. Isso estará na base tecnológica para a concretização e funcionamento de diversas aplicações que vão se concretizar e fazer parte da vida de muitos.

* Amos Genish é partner do BTG Pactual, CEO e Presidente do Conselho de Administração da V.tal