Plataforma de varejo de insumos e de serviços agrícolas, a AgroGalaxy anunciou na noite de quarta-feira, 27 de setembro, que seu conselho de administração autorizou que a gestão da companhia renegocie dívidas de curto prazo com grandes bancos.
O sinal verde veio acompanhado dos termos e condições gerais para que os diretores da empresa alonguem o perfil de uma dívida de aproximadamente R$ 839 milhões, a ser liquidada em até três anos. A lista de credores envolve o trio formado por Banco do Brasil, Santander e Citibank.
No comunicado, a AgroGalaxy ressaltou que o alongamento é um passo importante para a “equalização e melhoria da sua estrutura de capital” e acrescentou que manterá seus acionistas e o mercado informados dos próximos passos nesse processo.
A empresa fechou o segundo trimestre com uma dívida líquida ajustada de R$ 1,67 bilhão, o que representou um crescimento de 29,9% sobre igual período, um ano antes. Nessa mesma base de comparação, a alavancagem, medida pela relação dívida líquida/ajustada saiu de 2,4 vezes para 3,3 vezes.
A alta nesses indicadores é apenas uma das pontas de um ano que vem se mostrando bastante complicado não apenas para a AgroGalaxy, mas para todo o segmento de distribuição de insumos agrícolas, que acumula balanços pouco favoráveis.
No caso da empresa, além dos efeitos nos indicadores, esse cenário tem se refletido em trocas no alto escalão da operação. Entre elas, a posição de CFO e cadeira de CEO. Em julho, essa última voltou a ser ocupada por Welles Pascoal.
Com uma bagagem de mais de 40 anos no agronegócio, Pascoal havia deixado o cargo em agosto de 2022. Na mesma época, o executivo passou a integrar o conselho de administração da empresa.
Pouco tempo depois de reassumir a posição, o executivo concedeu entrevista ao AgFeed na qual afirmou que sua vontade não era voltar ao dia a dia da AgroGalaxy, mas que havia aceitado retornar pela “conexão e carinho” que tinha com a empresa.
E deixou bem claro qual era o seu foco: “Temos que colocar a casa em ordem. Nosso foco é produtividade e entregar resultados. Não vou dizer que teremos crescimento zero, mas vamos ser muito seletivos”, ressaltou.
Com apenas dois meses da “nova gestão”, ao que tudo indica, Pascoal e seus pares ainda terão muito trabalho pela frente para reconquistar a confiança dos investidores. É o que mostra o desempenho da companhia no mercado de capitais.
As ações da AgroGalaxy acumulam uma desvalorização de 57,6% em 2023. No pregão de quarta-feira, 27, os papéis fecharam em queda de 7,98%, cotados a R$ 4,15. A empresa está avaliada em R$ 694,8 milhões.
Esse desafio não é exclusivo, porém, da companhia. Com esse movimento, a AgroGalaxy reforça uma safra de empresas que estão indo ao mercado para renegociar suas dívidas e que não está restrita ao agronegócio.
Na manhã de hoje, a Gol divulgou que concluiu a repactuação de uma emissão de debêntures, da ordem de R$ 1 bilhão, cujos vencimentos foram estendidos até 2026. Esse também foi o prazo de uma renegociação feita em março pela CVC.
Além das aéreas e do turismo, outro setor que tem recorrido com bastante frequência a esse expediente é o varejo. Marisa, Ri Happy e Tok&Stok são apenas algumas das redes que seguiram esse caminho.