Belém – Enquanto os altos executivos das maiores companhias americanas evitaram comparecer à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em Belém, para não sofrer possíveis represálias do governo de Donald Trump — como revelou o The New York Times —, um movimento paralelo e contundente do setor privado dos Estados Unidos ganhou força nesta sexta-feira, 14 de novembro.

Uma coalizão de 180 empresas e organizações americanas entregou uma carta ao presidente e à CEO da COP30, respectivamente, André Corrêa do Lago e Ana Toni, reafirmando seu compromisso com o avanço de soluções de eficiência energética e com o apoio à meta global de dobrar o ritmo de melhorias no setor até 2030.

“Coletivamente, reconhecemos a oportunidade e a obrigação de sermos líderes globais no avanço da eficiência energética. Continuaremos a ampliar os investimentos, desenvolver projetos e trabalhar em parceria com governos locais, estaduais e nacionais para fornecer energia ao nosso mundo de forma responsável e eficiente”, lê-se no documento.

Liderado pela Alliance to Save Energy e pelo Business Council for Sustainable Energy (BCSE), o grupo inclui negócios de todos os tamanhos, com atuação em diversos setores — de isolamento térmico, refrigeração e iluminação a energias renováveis, finanças, construção civil e digitalização.

“As empresas estão mostrando que se comprometem a entregar soluções tecnológicas capazes de dobrar a taxa de melhorias na eficiência energética nos próximos cinco anos”, afirma Lisa Jacobson, presidente do BCSE, no documento. “Economizar energia enquanto impulsionamos o crescimento econômico global é um bom negócio. É hora de fortalecer parcerias público-privadas e avançar na diversificação das fontes de energia, na confiabilidade dos sistemas e na redução de custos.”

A delegação do BCSE está em Belém para reuniões com governos, organismos multilaterais e representantes da sociedade civil. Em parceria com aliados internacionais, a coalizão pretende criar estratégias para aprofundar a colaboração com o setor privado americano, reduzindo emissões e ampliando a resiliência de comunidades vulneráveis aos eventos climáticos extremos.

Para Paula Glover, presidente e CEO da Alliance to Save Energy, a eficiência energética atua como o “combustível primordial” da transição. Diante dos custos elevados e dos longos prazos de implantação de grandes obras de geração e transmissão, melhorar a eficiência é visto como o caminho mais rápido e viável para suprir a demanda crescente.

“A eficiência energética pode ser implementada rapidamente, oferece retorno significativo sobre o investimento e reduz custos para comunidades em todo o mundo”, afirma Paula, em comunicado. “É por isso que defendemos a meta de dobrar a eficiência nos próximos cinco anos.”

Enquanto isso, nota-se em Belém a ausência de figuras como Tim Cook, da Apple, Darren Woods, da Exxon, e Brian Moynihan, do Bank of America — todos presentes em edições anteriores da cúpula do clima das Nações Unidas, como lembra o jornal americano.

A jornalista viajou a convite da Motiva, idealizadora da Coalizão pela Descarbonização dos Transportes.