Concluído o processo de privatização da Copel em agosto, numa operação que movimentou R$ 5,2 bilhões, os analistas se debruçam sobre a companhia, em busca de pistas sobre o que virá por aí, após 59 anos nas mãos do Estado do Paraná.
Para os analistas do Itaú BBA, a expectativa é de que a companhia, agora uma corporation, seja capaz de extrair eficiências operacionais e realize investimentos na parte de distribuição no curto prazo, e com espaço para elevar o payout aos investidores.
Considerando esse cenário, mais um valuation visto como atrativo, os analistas Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiota, Matheus Botelho Marques e Victor Cunha decidiram elevar o preço-alvo das ações preferenciais classe B da Copel de R$ 9,60 para R$ 12. O novo valor pressupõe um potencial de alta de 37,6% em relação aos patamares em que os papéis são negociados.
“Nós mantemos nossa recomendação de compra por vermos o nome como um porto seguro no segmento de utilities, com um valuation atrativo, potenciais catalisadores e baixo risco de execução”, diz trecho do relatório. “Vemos uma taxa interna de retorno implícita interessante, de 11,8%.”
Na frente de ganhos de eficiência, os analistas do Itaú BBA veem a possibilidade da direção da Copel obter uma economia de 15% na frente das despesas gerais e administrativas nos próximos dois anos.
A projeção está abaixo daquilo que a própria empresa colocou como meta – corte de 15% a 25%. Segundo os analistas, caso a Copel consiga atingir o topo da faixa de projeções, o preço-alvo das PNBs pode ganhar um impulso de 8,5%.
Outro ponto que pode ajudar a destravar valor é a venda de ativos. A companhia avançou nesta frente na quarta-feira,dia 20 de setembro, quando anunciou a contratação de assessorias para estruturar o processo de venda da Compagas, distribuidora de gás canalizado em que possui 51% do capital social.
Os analistas esperam ainda que a Copel também se desfaça da usina termelétrica de Araucária, cujo processo foi anunciado em dezembro do ano passado. Enquanto não há projeções para a Compagas, os analistas do Itaú BBA assumiram um valor negativo de R$ 100 milhões para o ativo, diante da necessidade de resolver a questão de oferta de gás para a usina.
O relatório traz ainda a projeção de que a Copel investirá de duas a três vezes a taxa de depreciação regulatória na frente de distribuição nos próximos anos, projetando que o Ebitda regulatório pode alcançar R$ 2,9 bilhões até 2026, quando encerra a vigência do patamar atual de tarifas. O valor representa o dobro do registrado após o fim do primeiro período, em 2021.
“Um capex mais robusto tem implicações positivas adicionais, ao resultar em economia de custos e impactos nos cálculos dos custos regulatórios”, diz trecho do relatório.
Esse cenário pode abrir caminho para um aumento do payout de dividendos da companhia, segundo o Itaú BBA, ainda que isso possa demorar para ocorrer. Considerando a atual política, com repasse de 50% de dividendos, o dividend yield deve ficar entre 4% e 6% até 2028.
Mas, diante dos ajustes sendo feitos pela Copel, os analistas do Itaú BBA afirmam que a empresa pode elevar o payout para acima de 80%, levando o dividend yield para o patamar de 8%.
Ainda que elogiosos, os analistas destacam que a Copel ainda tem um volume muito alto de energia não contratada para ser vendido, provocada pelo processo de renovação da hidrelétrica Foz do Areia, principal ativo da companhia e a concessão estava marcada para vencer em 2024.
A resolução do processo foi definida em abril, com o Ministério de Minas e Energia determinou o pagamento de R$ 3,7 bilhões para a renovação da concessão de Foz do Areia e de outras duas hidrelétricas operadas pela Copel.
Por volta das 12h30, as PNBs da Copel subiam 1,26%, a R$ 8,83. No ano, elas acumulam alta de 11,6%, levando o valor de mercado a R$ 25,4 bilhões.