A gigante de tecnologia OpenAI está pisando no acelerador para garantir a produção de chips. A ideia da dona do ChatGPT é se tornar menos dependente da capacidade da Nvidia. Na segunda-feira, 13 de outubro, a companhia liderada por Sam Altman, anunciou um acordo de até US$ 500 bilhões com a Broadcom para o desenvolvimento de chips personalizados.

A OpenAI concordou em comprar 10 gigawatts de chips de computador da gigante americana de semicondutores, no mais recente de uma série de acordos celebrados pela startup americana de inteligência artificial.

Pelo enorme pedido a partir do contrato celebrado entre as empresas, a OpenAI poderá gastar de US$ 350 bilhões a US$ 500 bilhões. Isso além dos cerca de US$ 1 trilhão em acordos de chips e data centers que assinou nos últimos meses, enquanto corre para garantir o poder de computação para executar serviços como o ChatGPT.

Com o anúncio do acordo, as ações da Broadcom dispararam. Por volta de 14h40 (horário local), a empresa registrava valorização de 9,6% na Nasdaq - o papel chegou a subir mais de 10%. No ano, a alta é de 54,5%. A companhia está avaliada em US$ 1,69 trilhão.

Nas últimas semanas, a empresa de Altman fez vários anúncios relacionados a compromisso de compras de processadores. Em setembro, a empresa informou que compraria chips com um consumo total de energia de 10 GW da Nvidia.

No início de outubro, a OpenAI informou ao mercado a parceria estratégia com a concorrente AMD, que envolve a aquisição de mais 6 GW. A implementação inicial de 1 GW está prevista para o primeiro semestre de 2026.

Os acordos vincularam alguns dos maiores grupos de tecnologia do mundo ao faturamento da OpenAI, apesar das dúvidas de parte do mercado sobre como a OpenAI garantirá esses financiamentos, já que os custos superam as receitas existentes da startup.

Os acordos da Broadcom e da AMD têm justamente o objetivo reduzir a dependência da OpenAI da Nvidia, ajudar no controle de custos e reduzir os preços dos chips ao longo do tempo, de acordo com pessoas próximas aos acordos.

Há meses, Altman tem dito que a escassez de processadores desacelerou o progresso de sua empresa no lançamento de novas versões do ChatGPT.

No acordo anunciado na segunda, 13, a OpenAI coprojetou chips personalizados com a Broadcom especificamente para executar seus próprios modelos de IA, marcando definitivamente a entrada da startup na produção de seus próprios chips de IAs. As empresas não divulgaram os termos financeiros do negócio.

Quando concluídos, os acordos trariam o acesso total da OpenAI à capacidade de computação para mais de 26 GW - equivalente a cerca de 26 reatores nucleares.

Em um podcast em que anuncia o acordo, Sam Altman diz que sua empresa estava trabalhando com a Broadcom há 18 meses para desenvolver os chips personalizados, o que lhe daria uma “quantidade gigantesca de infraestrutura de computação”, segundo informou o Financial Times.

Ele descreve a corrida para desenvolver a infraestrutura de IA como “o maior projeto industrial conjunto da história da humanidade”.

Os chips foram projetados especificamente para inferência, o processo pelo qual uma IA responde às solicitações dos usuários, afirma Altman. Espera-se que a inferência se torne uma parcela muito maior das necessidades da tecnologia à medida que a demanda por computação de IA progride além do treinamento ou da criação de modelos.

“A IA está se tornando uma utilidade crítica ao longo do tempo para 8 bilhões de pessoas em todo o mundo. Mas isso não pode ser feito com apenas uma parte, precisa de muitas parcerias e colaboração em um ecossistema”, diz Hock Tan, CEO da Broadcom.

Ao contrário de seus acordos com a Nvidia e a AMD, a OpenAI não garantiu nenhum incentivo financeiro da Broadcom para comprar grandes quantidades de seus chips. A Nvidia concordou em investir US$ 100 bilhões na OpenAI, enquanto a AMD tem o direito de comprar até 10% do grupo de chips por apenas um centavo por ação.

Cada gigawatt de capacidade de computação de IA custa cerca de US$ 50 bilhões para ser implantado aos preços atuais, de acordo com executivos da OpenAI. Isso inclui cerca de US$ 35 bilhões em chips e mais US$ 15 bilhões na infraestrutura para executá-los. Espera-se que os chips da Broadcom custem menos que os da Nvidia.