A fabricante de componentes automotivos Fras-Le, que faz parte das Empresas Randon, apresenta boas perspectivas de crescimento orgânico e um valuation atrativo, de acordo com o Santander Brasil.
Os analistas Lucas Barbosa, Lucas Esteves e Gabriel Tinem decidiram elevar a recomendação para as ações de neutro para compra. O preço-alvo também foi revisado positivamente, de R$ 12 para R$ 20, pressupondo um potencial de alta de 35,5% dos papéis em relação aos patamares atuais.
Segundo eles, a companhia vem evoluindo ao longo dos anos, resultado da diversificação de produtos, com a companhia indo além da fabricação de materiais de fricção, na qual se tornou uma referência, e maior exposição ao mercado global.
Atualmente, a companhia também fabrica produtos como sistemas de freio e transmissão. E ela expandiu suas operações, passando a atuar em 125 países, com fábricas em locais como Estados Unidos, China e Índia.
O movimento mais recente ocorreu em fevereiro, quando ela anunciou a aquisição das operações da britânica AML Juratek, por cerca de 18,2 milhões de libras esterlinas (R$ 113,5 milhões na ocasião), visando expandir a atuação no mercado europeu de reposição de autopeças.
Os analistas do Santander destacam que todas essas aquisições tiveram suas sinergias capturadas, além de ter tornado a Fras-Le uma potência no mercado de reposição de peças automotivas, cuja demanda é constante.
“Destacamos o perfil defensivo da Fras-Le, dada a sua elevada exposição ao mercado de reposição de peças automotivas (respondendo por 89% da receita total, enquanto o restante é representado por vendas às montadoras), cujo comportamento é anticíclico”, diz trecho do relatório.
Segundo eles, a evolução que a companhia tem apresentado deve fazer com que a margem Ebitda fique acima da média histórica, que varia de 13% a 15%. A expectativa é de que ela passe a estar entre 17% e 18% nos próximos anos.
Essa melhora de rentabilidade é também acompanhada por um valuation atrativo, com um EV/Ebitda esperado para 2024 de 5,4 vezes, abaixo da média dos últimos dez anos, de 6,8 vezes.
No segundo trimestre, a Fras-Le registrou um lucro líquido de R$ 98,2 milhões, alta de 47% em base anual. A receita líquida, na mesma base de comparação, cresceu 17,5%, a R$ 919,6 milhões, e o Ebitda avançou 49,3%, para R$ 186,9 milhões, com a margem indo de 16% para 20,3%.
Apesar de não constar no cenário base, os analistas do Santander afirmam que a Fras-Le possui uma “opcionalidade significativa” em termos de expansão inorgânica, capaz de abrir novas avenidas de crescimento, especialmente no Brasil, América do Norte e Europa.
Para que de fato a expansão inorgânica se torne um motor de crescimento, de acordo com os analistas, a Fras-Le precisa continuar buscando obter conhecimento adicional e diversificar o portfólio de produtos, além de acessar novos mercados, levando seus produtos a mercados em que ainda possui pouca exposição, como fez com a Juratek.
Por volta das 14h15, as ações da Fras-Le subiam 2,36%, a R$ 15,12. No ano, elas acumulam alta de 59,9%, levando o valor de mercado a R$ 4 bilhões.