A Cruzeiro do Sul Educacional está dando um novo passo para se aproximar da nova geração de estudantes - em especial aquela que passa cada vez mais tempo na frente das telas. A companhia firmou uma parceria com a FURIA, uma das principais equipes de eSports do Brasil e , para criar uma plataforma que será usada para estudar novos negócios para o grupo de educação.
O primeiro passo foi a criação do Gaming Institute, chama de plataforma de negócios para o desenvolvimento de serviços e cursos (graduação e pós-graduação) voltados ao universo gamer. A ideia da Cruzeiro do Sul é utilizar a FURIA, fundada em 2017 por André Akkari, Jaime Pádua e Cris Guedes e com estruturas no Brasil, Malta e Estados Unidos, como uma consultoria. Isso servirá para auxiliar na criação de programas educacionais que tragam os conceitos do mercado de games para diferentes profissões.
A partir de reuniões estratégicas com a equipe de eSports, o grupo de educação pretende tirar do papel novos cursos de curta ou longa duração ou disciplinas para serem inseridas nos cursos já ofertados. A expectativa é que neste segundo semestre sejam apresentadas algumas dessas iniciativas.
“Estamos vendo a abertura de uma linha de negócios no universo dos games que vai além dos jogadores e dos programadores”, diz Fabio Fossen, CEO da Cruzeiro do Sul, ao NeoFeed. “Quando são estruturados campeonatos, equipes profissionais e tudo isso se transforma em um esporte como qualquer outro, você precisa de profissionais com conhecimentos específicos, como psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, etc..”
Num plano mais geral, a ideia é preparar os novos profissionais para conseguir lidar com as particularidades que envolvem o mundo dos jogos eletrônicos. Os advogados, por exemplo, precisam negociar contratos que envolvam as plataformas de streaming e patrocínios. Já profissionais de áreas de publicidade e marketing podem se aprofundar em técnicas neste meio.
“Se não conseguirmos entender o que este jovem quer, não conseguir entrar em contato com ele, ele vai para o YouTube”, diz Fossen. “Precisamos estar em contato com essa comunidade, que é muito engajada. E precisamos entender a tendência de empregos para oferecer isso ao aluno.”
Um estudo realizado pela PwC Brasil aponta que a receita total de videogames e esportes eletrônicos no Brasil deve chegar a US$ 2,8 bilhões em 2026. É o dobro do valor que foi movimentado em 2021. A consultoria também destacou que o Brasil já ultrapassou o México como o maior mercado da América Latina e até 2026 deve ser responsável por 47,4% da receita total da região.
O que está em jogo
Essa não é a primeira vez que a Cruzeiro do Sul flerta com o mercado de games. Em março, a companhia firmou uma parceria com a Twitch, a principal plataforma de streaming de jogos eletrônicos. A parceria serviu para apresentar um hub virtual criado pela Cruzeiro do Sul chamado de Modo Carreira e que permite que estudantes possam conhecer mais profissões ligadas à indústria de games.
Ao firmar a parceria com a FURIA, em um acordo que começou a ser costurado no ano passado, a Cruzeiro do Sul tenta se distanciar de outros concorrentes neste mercado de educação e que também passaram nos últimos meses a explorar o setor de games - ainda que de uma forma mais tímida. Kroton, Estácio e Ser Educacional já possuem cursos voltados para a área. A maior parte deles está relacionado ao desenvolvimento dos jogos.
O novo esforço da Cruzeiro do Sul deve ajudar a companhia a impulsionar sua frente de ensino à distância (EAD), que concentra mais de 288 mil alunos e conta com mais de 1,5 mil polos espalhados pelo Brasil, além de duas unidades no Japão. Nesta frente, o grupo opera com 12 marcas, como Universidade Cruzeiro do Sul, Universidade Positivo, Universidade de Franca, entre outras.
No primeiro trimestre deste ano, a base de alunos nos cursos EAD aumentou 17,3% ante o mesmo período do ano passado. Já no presencial, que somou 158 mil estudantes até o fim de março, o crescimento foi de 10% contra os primeiros três meses de 2022.
Financeiramente, a unidade digital da Cruzeiro do Sul foi responsável por R$ 158,6 milhões do faturamento total de R$ 531,7 milhões da companhia no primeiro trimestre. A cifra obtida com os cursos à distância aumentou 20,2% neste período.