Todos os dias, invariavelmente, às 4h30, Diego Villar já está de pé. Meia-hora depois, o executivo soteropolitano de 38 anos, que já participou de maratonas no Brasil e no exterior, corre de 12 a 30 quilômetros pelas ruas de Recife (PE).

“Qualquer pessoa pode fazer uma maratona. Basta ter disciplina e entender que não é algo que acontece do dia para a noite”, diz Villar. “É preciso percorrer um quilômetro por vez. Há uma história a ser construída.”

É nesse exercício que Villar busca inspiração para lidar com os desafios à frente da Moura Dubeux. Acostumada a correr fora do eixo Rio-São Paulo e presente nas capitais Recife (PE), Fortaleza (CE), Salvador (BA), Natal (RN) e Maceió (AL), a construtora e incorporadora nordestina encontrou um terreno acidentado logo após levantar R$ 1,25 bilhão em sua abertura de capital, em fevereiro.

Com a Covid-19, a empresa foi obrigada a paralisar seus canteiros no segundo trimestre e viu suas ações recuarem mais de 41% desde o IPO. Agora, porém, Villar enxerga um caminho menos tortuoso para reverter a desconfiança dos investidores e construir uma imagem positiva da companhia no mercado.

“A ação orbitando entre R$ 10 e R$ 11 não é nossa realidade. Não acho que valemos tão pouco”, diz Villar, em entrevista ao programa Conexão CEO (vídeo completo acima). “Mas, conforme o mercado for conhecendo a empresa e nossos resultados, não tenho dúvida de que o papel vai buscar sua alta.”

No terceiro trimestre, após o hiato da paralisação nas obras, a Moura Dubeux começou a erguer as bases para concretizar essa virada. Com boa parte de sua dívida equacionada, o que sustentou a tese dos recursos captados no IPO, a empresa voltou a lançar empreendimentos.

Com foco na principal linha da empresa, o médio e alto padrão, foram quatro projetos no período, que totalizaram um Valor Geral de Vendas (VGV) bruto de R$ 275 milhões. Já no quarto trimestre, a companhia anunciou mais quatro empreendimentos

A partir desse portfólio, construído apenas no segundo semestre, a Moura Dubeux vai fechar o ano com um VGV de R$ 769 milhões, um patamar que não registrava há cinco anos. “Se anualizarmos, teríamos um ano de R$ 1,5 bilhão”, afirma Villlar. “E não tem porque não seguirmos nesse mesmo ritmo no ano que vem.”

Nesse cenário, além dos projetos de incorporação de médio e alto padrão, estão incluídos os lançamentos da marca Beach Class, voltada ao segmento de hotelaria, segunda residência e short e long stay.

O executivo destaca outra questão para reforçar sua visão otimista. Entre julho e setembro, a Moura Dubeux reportou vendas brutas de R$ 305 milhões, alta de 273,6% sobre volume reportado um ano antes.

Ainda no período, a empresa adquiriu dois terrenos, um na Bahia e outro em Pernambuco, com um VGV potencial somado de R$ 139 milhões. No total, a companhia tem 32 terrenos em seu landbank, com um VGV bruto potencial de R$ 3,8 bilhões.

As boas perspectivas são complementadas por algumas singularidades do mercado imobiliário do Nordeste, em especial, nas cinco capitais onde o grupo atua. Essa cobertura representa um mercado, no médio e alto padrão, de R$ 10 bilhões anuais, metade do mercado da cidade de São Paulo.

Apesar do volume menor, hoje, a Moura Dubeux praticamente não encontra concorrentes, em um cenário exatamente oposto ao que acontece na capital paulista. E que se reflete em diversas pontas do setor, entre elas, o preço inflacionado dos terrenos.

O contexto também é bem diferente dos anos que seguiram o primeiro boom das construtoras na bolsa de valores. Capitalizadas, empresas como Cyrela, Gafisa e PDG desembarcaram na região. Para defender seu terreno, a Moura Dubeux acelerou sua expansão e, por consequência, ampliou suas dívidas.

“Enquanto em São Paulo há muitas incorporadoras disputando espaço, aqui, estamos sozinhos”, diz Villar. “E com a nova arquitetura financeira que construímos no IPO, estamos bem confiantes que entregaremos o máximo de rentabilidade para os acionistas no médio prazo.”

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