Belo Horizonte — O Inter decidiu jogar em seus domínios quando escolheu a Arena MRV, o estádio do Atlético-MG, como palco do Inter Invest Summit. Além de conterrâneos, o banco e o time, por meio de sua Sociedade Anônima de Futebol (SAF), compartilham o mesmo controlador — a família Menin.
A primeira edição do evento foi realizada neste sábado, 20 de setembro. E a “casa” estava cheia. Dessa vez, porém, não de torcedores do galo mineiro. Mas sim, de aproximadamente seis mil pessoas que se dispuseram a enfrentar um sol de quase 30 graus para saber mais sobre investimentos.
Braço de investimentos do banco, o Inter Invest entrou em campo desfilando alguns números compilados, até aqui, nessa arena: um volume de R$ 154 bilhões de ativos sob custódia e 8 milhões de clientes — ante uma base total de mais de 40 milhões do Inter.
De olho em escalar essa base, o banco investiu na escalação do evento. Um dos destaques foi uma dupla que, a princípio, poderia parecer improvável. Mas que se mostrou bastante entrosada nas dicas para o público presente: o empresário Rubens Menin e o narrador — e também empresário — Galvão Bueno.
“Não tem nada de graça”, disse Menin, presidente do board do Inter, MRV, Log, CNN Brasil e Itatiaia, no painel de abertura do evento, quando questionado sobre quais conselhos daria a quem deseja empreender.
“A transpiração é base de tudo”, prosseguiu o empresário. “Todo mundo que quer começar um negócio, que quer empreender, tem que se preparar para trabalhar muito. Perder as horas de lazer, a convivência com os amigos, porque não é fácil empreender sem transpiração.”
Galvão Bueno foi a próxima atração no palco montado no centro do gramado da Arena MRV. E, em sua participação, só reforçou como esse meio de campo estava afiado ao matar a bola no peito “lançada” por Menin e acrescentar seu estilo – e números – a esse tema.
“A receita do sucesso traz três coisas: 10% de sorte, 30% de talento e 60% de transpiração. Ninguém vai a lugar nenhum sem transpiração”, afirmou Bueno. “Trabalhe. Trabalhe muito e sempre. Tenha prazer em trabalhar e paixão por crescer na vida. Trabalhe e dê valor à marca que você criou”.
O narrador também trouxe outros conselhos para empreendedores e investidores. Acostumado a trabalhar com a emoção como sua principal ferramenta, ele ressaltou a necessidade de encontrar um meio-termo, mesmo nesse contexto.
“Eu sou um vendedor de emoções. Mas você também pode me chamar de equilibrista”, disse, destacando que, ao mesmo tempo em que precisa transmitir essas emoções, não pode ir contra a realidade dos fatos – o momento, por exemplo, da seleção brasileiro dentro e fora das quatro linhas.
“Então, você anda no fio da navalha”, afirmou. “E eu, nesses 51 anos de trabalho, tento me manter nesse fio da navalha, como cada um tem que se manter na vida. Se emocionando, se encantando, se apaixonando e se arriscando. Mas vendo aquilo que é verdade.”
O equilíbrio também deu o tom em um dos toques dados por Menin. “Todo dia, pela manhã, você tem que tomar duas injeções. Uma contra a soberba e outra contra a vaidade”, afirmou o empresário. “Não tem guerra ganha.”
Menin recorreu ao exemplo do próprio Inter para reforçar esse ponto. “Em 2015, nós fomos o primeiro banco digital e acharam que isso estava resolvido. Não, isso é fotografia do passado”, disse. “Você precisa sempre ter uma sensação de incômodo, em vez de conforto.”
Menin também se mostrou bastante desconfortável em um contexto mais amplo. Mas com uma outra conotação. Conhecido por ser um dos críticos da taxa básica de juros em patamares elevados, ele voltou a falar sobre o tema.
“A gente não sente, mas com o juro três anos nesse patamar e mais dois pela frente, estamos encomendando uma crise futura, uma perda de competitividade”, observou. “Porque a hora que você não faz o investimento aqui, em qualquer setor, lá fora estão fazendo. E nós competimos no mundo.”
Galvão Bueno também foi questionado sobre sua visão e perspectivas para o Brasil. Em sua resposta, ele reforçou que o País vive um momento de confronto bastante complicado. E concluiu essa jogada – e sua participação - recorrendo a alguns dos bordões que marcaram sua carreira.
“Esse é um momento em que eu diria: Brasil, haja coração. Haja coração porque é necessário. Em hipótese nenhuma eu quero dizer ‘virou passeio’ e ‘lá vem eles de novo’”, afirmou. “No futuro, em relação aos problemas, eu gostaria de poder gritar: Acabou! Acabou! O Brasil é campeão mundial”, finalizou o narrador, bastante aplaudido pela “torcida” na Arena MRV.