Os próximos dois meses serão de transição no comando da Unipar. O CEO Maurício Russomano encerrará seu ciclo de cinco anos à frente da maior produtora de cloro-soda da América do Sul e a segunda maior na produção de PVC. Em seu lugar assume Rodrigo Cannaval, que até então ocupava a posição de diretor executivo industrial.

A informação foi confirmada em fato relevante publicado às 17h45 de segunda-feira, 5 de fevereiro. Russomano, que deixa a empresa com valor de mercado de R$ 7 bilhões, não terá um assento no conselho da Unipar.

Em avaliação sobre o próximo ciclo de expansão da companhia, o conselho de administração decidiu que a gestão de cinco anos de Russomano foi exitosa, principalmente na modernização da Unipar, mas era preciso ter um líder com profundo conhecimento industrial, disse ao NeoFeed uma pessoa próxima à empresa.

Nessa movimentação, era preciso que a mudança fosse não apenas transparente, mas que conseguisse passar a visão do conselho para essa troca: continuidade. A ordem é “zero ruptura”.

Com R$ 1 bilhão em investimentos previstos, a Unipar colocará novas fábricas em operação e terá projetos importantes ligados ao marco do saneamento, além de inovações tecnológicas em suas unidades. Com todos os olhos voltados para a parte industrial, a escolha de Rodrigo Cannaval pareceu óbvia para o board da Unipar.

Desde 2020 na Unipar e com quase 20 anos de experiência no setor químico (uma passagem de mais de 10 anos pela Basf), Cannaval liderava o “coração” da Unipar: tinha sob sua responsabilidade 80% dos cerca de 1,5 mil funcionários.

Rodrigo Cannaval CEO Unipar
Rodrigo Cannaval, novo CEO Unipar

Chamou a atenção dos conselheiros a eficiência da parte industrial aliada ao ciclo de alta de preços das commodities. Sobre o comandada de Cannaval, a utilização da capacidade instalada das três fábricas da Unipar chegou a 82%. A unidade de Cubatão, a mais importante da empresa, atingiu 90% de utilização da capacidade.

Mesmo com o grande peso de olhar para dentro de casa, a Unipar vai continuar em busca de crescimento orgânico ou por aquisições. Atualmente com fábricas em Cubatão e Santo André, no estado de São Paulo, e uma em Bahía Blanca, na Argentina, a quarta unidade a entrar em operação em breve é em Camaçari, na Bahia.

Braskem na mesa

Em junho do ano passado, Russomanno liderou a engenharia financeira de uma proposta não vinculante de R$ 10 bilhões da Unipar pela Braskem, uma aquisição que poderia mexer com o setor nacional e internacional de derivados de óleo e gás.

Porém, os bancos credores da Novonor (ex-Odebrecht) e a Petrobras, sócios na Braskem, receberam uma oferta de cerca de R$ 10,5 bilhões da Adnoc, uma estatal de petróleo de Abu Dhabi, no fim do ano passado.

A Unipar afirmou que já havia colocado suas condições na mesa e que a escolha caberia aos acionistas controladores da Braskem.

A ação da Unipar acumula queda de 11,5% em 12 meses. em 2024, o papel está em baixa de 9,9%.