O balanço financeiro do terceiro trimestre da Weg trouxe, novamente, recordes em receita (R$ 9,8 bilhões) e lucro (R$ 1,58 bilhão), com crescimento base de 20% no período para ambos os indicadores. Porém, um dado chamou a atenção - negativamente - do mercado e dos analistas: o aumento de despesa.

A companhia reportou um crescimento de 32% nos custos no terceiro trimestre, impulsionados pela entrada dos negócios da Regal Rexnord, empresa americana de motores adquirida pela Weg em 2023, e pelo aumento no preço dos fretes. O avanço fez com que as ações da companhia recuassem 5,1% no pregão de quarta-feira, 30 de outubro - em 2024 a ação acumula alta de 48,5%.

Porém, na visão da companhia, essa não deve ser uma grande preocupação. Essas despesas devem ser otimizadas nos próximos meses e não fazem parte da operação da Weg em si.

“Nós tivemos três principais eventos que levaram a esse aumento, mas a incorporação da aquisição foi a principal delas. Sem levar em consideração os custos dessa operação, as despesas vieram praticamente em linha com o esperado por aqui”, afirmou André Menegueti Salgueiro, diretor de finanças e relações com investidores, na teleconferência do balanço.

Para o executivo, o aumento significativo do frete visto nos últimos meses, por outro lado, continua sendo uma questão que afeta não só a Weg como também seus concorrentes no mundo todo. Essa, sim, é uma questão um pouco mais complexa. “Quanto mais se vende, mais frete se paga, então é um custo esperado, que depende da flutuação do mercado”, diz ele.

Por último, a desvalorização do real também teve sua participação nesse aumento de despesas. “Apesar de todas essas questões, o processo de integração está ocorrendo e, ao longo dos próximos trimestres, nós esperamos ter algumas otimizações que trarão benefícios para essas despesas como um todo”, complementa Salgueiro.

Em decorrência desses fatores, a margem Ebitda encerrou o período em 22,6%, alta de 1,1 ponto percentual (p.p.) em relação ao mesmo período do ano anterior e um recuo de 0,3 p.p. sobre o segundo trimestre de 2024. O Ebitda da companhia totalizou R$ 2,2 bilhões.

Para Salgueiro, esses dados devem ser analisados com parcimônia, já que, por conta de longos contratos da companhia e sua dinâmica de negócios, as margens costumam ser avaliadas de forma anualizada. Assim, para ele, 2024 será um ano melhor do que 2023 quando o quesito se volta para as margens.

Sobre o mercado e oportunidades, a empresa afirmou que, no Brasil, o fornecimento de equipamentos de ciclo longo continua positivo, especialmente em soluções ligadas à transmissão e distribuição, apesar da redução do nível de entregas no negócio de geração eólica.

Quando se fala em equipamentos de ciclo curto, a empresa observou uma melhora da demanda de motores elétricos, além da alta procura nos negócios de redutores. “Por outro lado, o negócio de geração solar distribuída continua apresentando o menor nível de receita quando comparado com o mesmo período no ano passado”, afirmou a companhia no relatório.

Pensando em investimentos para o próximo ano, o Capex, a empresa espera seguir destinando de 3% a 5% da receita para esse segmento, apesar de ainda não ter definido o orçamento de 2025.

Na quarta, 30 de outubro, a companhia reforçou os investimentos no programa Nova Indústria Brasil (NIB). Nos últimos dois anos, a Weg aportou R$ 1,8 bilhão de investimentos. E na chamada "missão 3" de fomento industrial, a companhia já se comprometeu com R$ 100 milhões para produzir baterias elétricas em larga escala no território nacional.

No geral, os analistas estão divididos sobre o balanço da Weg. Para o BTG, os dados vieram neutros, enquanto o Itaú BBA ratifica a compra do papel. E o BB Investimentos acredita que essas despesas fora do comum podem significar a venda para a ação.

O Roic, ou retorno sobre o capital investido, da Weg foi de 37,1% no terceiro trimestre deste ano. O indicador aumentou 1,7 ponto percentual em comparação com o mesmo período de 2023. O valor de mercado da companhia é de R$ 228,5 bilhões.