O colapso financeiro da exchange de criptomoedas FTX continua respingando mesmo após a virada de ano. Desta vez são os reguladores bancários dos Estados Unidos que ligaram o alerta das instituições financeiras do país para os riscos envolvendo o segmento cripto.

“Os eventos do ano passado foram marcados por significativa volatilidade e exposição de vulnerabilidades no setor de criptoativos”, informa um trecho da nota assinada pelo Federal Reserve, pelo Federal Deposit Insurance Corp, e pelo Office of the Comptroller of the Currency, órgão que pertence ao Departamento do Tesouro dos EUA.

Em um dos trechos, o documento informa que os reguladores têm “preocupações significativas com segurança e solidez” com bancos que se concentram em clientes cripto ou que têm “exposições concentradas” no setor.

Neste caso, o destaque negativo foi o banco americano Silvergate Bank, que nos últimos doze meses viu o valor de suas ações na Bolsa de Valores de Nova York despencar 86%.

Ainda que o documento não cite explicitamente o caso da FTX, outro trecho do texto enviado na terça-feira faz menção a “fraudes e golpes entre participantes do setor de criptoativos” e diz que há “risco de contágio dentro do setor resultante de interconexões entre certos participantes”.

O Silvergate não foi o único a sofrer com as consequências do escândalo da FTX, envolvida em um caso de fraude após desvio de dinheiro para a Alameda Research. Ao longo do último trimestre do ano passado, diversas outras empresas do setor tiveram seus negócios impactados.

Entre as exchanges, as primeiras afetadas foram a Genesis, que chegou a suspender os saques de sua plataforma de empréstimos após um volume anormal de resgates, e a Gemini, a corretora dos gêmeos Tyler e Cameron Winklevoss e que atua em parceria com a Genesis na frente de empréstimos.

No fim de novembro foi a vez da BlockFi colocar o mercado em estado de atenção após ser revelado que a empresa tinha passivos que poderiam chegar a US$ 10 bilhões. Em caixa, a exchange tinha apenas US$ 257 milhões quando entrou com um pedido de proteção contra a falência nos Estados Unidos.

A Binance também começou a preocupar os investidores. Em dezembro, a corretora observou saques de mais de US$ 1 bilhão na plataforma em um único dia e de US$ 3 bilhões em uma única semana.

Sobrou ainda para a Sequoia Capital, uma das maiores gestoras de investimentos do mundo e que havia investido US$ 150 milhões na FTX. Após o colapso da empresa, a gestora americana precisou fazer um mea culpa com seus investidores.