O impacto gerado pelo rápido avanço tecnológico na área de Inteligência Artificial (IA) levou muitos investidores a apostar na valorização de ações de empresas tech que atuam no segmento de semicondutores e de plataformas computacionais de alta tecnologia.
Mas ainda é cedo para falar na formação de uma bolha no mercado de ações de empresas com aplicações voltadas para a IA, semelhante à que atingiu o segmento pontocom no final dos anos 1990.
É o que adverte o renomado economista Jeremy Siegel, professor emérito de Finanças na Wharton School da Universidade da Pensilvânia e um especialista em mercados financeiros. “Ainda não é uma bolha”, afirmou Siegel nesta segunda-feira, 29 de maio, em entrevista ao programa “Street Signs Asia”, da CNBC.
Na semana passada, a Nvidia, uma das gigantes do setor, viu suas ações subirem 24% depois que a empresa reportou uma receita trimestral de US$ 7,19 bilhões e lucro de US$ 2,04 bilhões, números muito acima do esperado.
Siegel, que se diz um otimista em relação a um potencial boom das big tech impulsionado pela inteligência artificial (IA), não vê a sobrevalorização da Nvidia como uma preocupação. Pelo menos no curto prazo.
Primeiro, houve empolgação com a IA e a Nvidia ratificou essa empolgação com ganhos incríveis. "Isso é um empurrão duplo”, disse Siegel. “No curto prazo, sabemos que o momento pode levar as ações muito acima de seu valor fundamental e ninguém pode prever até que ponto elas podem chegar.”
Outro economista e consultor renomado, David Rosenberg, conhecido por suas opiniões polêmicas, disse na semana passada que o atual boom da IA poderia entrar em colapso como as ações pontocom do final dos anos 1990.
A bolha pontocom estourou no começo dos anos 2000, quando o capital secou após uma adoção massiva da internet e uma proliferação de capital de risco disponível em empresas baseadas na internet, especialmente startups que não tinham histórico de sucesso.
Nvidia na mira
O Nasdaq 100 – principal índice de ações de tecnologia americanas - subiu mais de 30% este ano, à medida que a inteligência artificial continua a atrair investidores para as ações de tecnologia de grande capitalização.
A Nvidia virou um alvo óbvio graças aos avanços significativos nesse campo, com o recente anúncio de uma nova classe de supercomputadores de IA de memória grande.
Esses supercomputadores, alimentados pelo Nvidia GH200 Grace Hopper Superchip, são projetados para suportar o desenvolvimento de aplicativos de linguagem AI generativa de próxima geração, oferecendo quase 500 vezes mais memória do que seu antecessor, o Nvidia DGX A100.
De acordo com Siegel, as ações da IA desempenharam um papel vital na condução do desempenho do S&P 500, e ele acredita que elas podem emergir como vencedoras mesmo em meio a uma crise bancária.
“Os ganhos do S&P 500 foram em grande parte impulsionados pelas oito ou nove maiores empresas, enquanto as 490 restantes permaneceram estáveis ou sofreram quedas”, afirmou.
Segundo ele, as ações de tecnologia de grande capitalização, incluindo aquelas envolvidas em IA, são menos afetadas pelas condições de crédito, tornando-as mais resilientes em tempos econômicos desafiadores. “O S&P pode realmente se tornar um vencedor da crise bancária”, sugeriu Siegel.