Em março deste ano, o Canada Pension Plan Investments (CPP Investments) investiu R$ 1,2 bilhão para ser dono de uma fatia de 45% da empresa de saneamento Iguá. Logo depois, a companhia pagou R$ 7,3 bilhões para ficar com um dos blocos no leilão da Cedae, no Rio de Janeiro.
A Iguá foi um dos primeiros investimentos no Brasil que permitiu ao CPP Investments participar de um leilão de uma concessão pública. Mas não deve ser o único.
Além de ter interesse em outras concessões na área de saneamento, o fundo de pensão canadense deve intensificar seus investimentos em infraestrutura no Brasil. E está de olho também em infraestrutura digital, através de ativos de fibra óptica e torres de celular.
“Vamos investir em tecnologia com infraestrutura digital”, diz Rodolfo Spielmann, diretor-geral do CPP Investments para América Latina, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que entrevista os principais investidores presentes no Brasil. “Vimos claramente na pandemia a necessidade das pessoas de se comunicarem digitalmente.”
Dinheiro não é exatamente um problema para o CPP Investments. O fundo de pensão canadense tem mais de US$ 400 bilhões de ativos sob gestão, sendo que quase 4% desse total está na América Latina, algo em torno de US$ 16 bilhões – menos da metade desses recursos estão alocados no Brasil.
A meta é dobrar esse percentual nos próximos anos. E o Brasil será fundamental para essa expansão de ativos na região latino-americana. Spielmann explicou que os investimentos devem seguir o modelo adotado até agora pelo CPP Investments, que sempre se associa a uma empresa capaz de tocar operacionalmente o negócio.
Em saneamento, a parceria foi com a Iguá. Em energia renovável, o acordo é com a Votorantim Energia. No setor de real estate, o CPP Investments atua com a Cyrela Commercial Properties (CCP) e mantém ainda uma joint venture com a Cyrela para explorar o segmento de locação residencial.
E assim será com a parte de infraestrutura digital. “Estamos avaliando as oportunidades”, afirma Spielmann. “São duas condições: precisamos encontrar o parceiro certo e os ativos com retorno apropriado.”
O setor de fibra óptica está em efervescência. As operadoras de telefonia buscam sócios investidores para ajudar a expandir suas infraestruturas. A Oi, por exemplo, negocia com um fundo gerido pelo BTG Pactual sua rede de 400 mil quilômetros. TIM e Vivo também se associaram a investidores. E a EB Fibra, da EB Capital, captou bilhões de reais para consolidar pequenos provedores regionais dessa área.
Nesta entrevista, que você assiste no vídeo acima, Spielmann falou também que tem interesse em participar de outras concessões do governo federal, como as de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos.
Na América Latina, Spielmann explicou que o CPP Investments já atua em rodovias pedagiadas no México e Chile, dutos de gás no Peru e redes de transmissão elétrica no Chile. “Queremos trazer esse know how para o Brasil”, afirmou o investidor.
Spielmann também afirmou que está de olho na capitalização da Eletrobras. “É uma empresa que interessa sim”, disse. “Tem escala e há uma grande oportunidade de geração de valor. A Eletrobras é Petrobras do setor elétrico.” Confira mais um episódio do Café com Investidor.