Na terça-feira à noite, dia 26 de abril, a Alphabet, controladora do Google, apresentou resultados relativos ao primeiro trimestre que surpreenderam positivamente. Apesar do lucro ter recuado 8,4%, em base anual, para US$ 15 bilhões, o ganho por ação de US$ 1,17 veio acima dos US$ 1,08 esperados pelo mercado, segundo a consultoria FactSet.

Com o balanço mostrando que a empresa conseguiu obter ganhos de eficiência e redução significativa de custos, além de melhora na linha de receita, os analistas do Itaú BBA revisaram agressivamente a projeção para o lucro por ação em 2023. A expectativa agora é de um ganho de US$ 5,29, uma diferença de 33% ante o que inicialmente esperavam.

Uma decisão do tipo normalmente implicaria na elevação da recomendação para as ações. No entanto, os analistas Thiago Kapulskis, Cristian Faria e Gabriela Moraes não fizeram isso. Eles mantiveram a recomendação em neutro e o preço-alvo em US$ 116.

Apesar de reconhecerem que os números foram bons, os analistas dizem que eles não mostram para onde a companhia está indo. "As ações precisam de narrativas, especialmente em tech, e existe uma falta notável de uma boa história de investimento para o Google", diz trecho do relatório.

Os analistas levantaram uma série de dúvidas a respeito do futuro da Alphabet. Entre elas  está a falta de clareza sobre como o uso de ferramentas de Inteligência Artificial (IA) generativa afeta os custos do Google em seu mecanismo de busca.

A falta de avanços significativos em IA em geral é um ponto levantado pelos analistas. "Como alguém pode ficar empolgado com um quase monopólio que está sob ataque por uma grande startup (OpenAI) e uma gigante tech como a Microsoft, com muito a perder, e ver a administração falhando em comunicar claramente a estratégia para lidar com esta situação?", diz um trecho do relatório.

Outro ponto levantado pelos analistas do Itaú BBA é a falta de respostas da Alphabet em relação ao acordo com a Apple para que o mecanismo de buscas do Google se mantenha como o padrão de iPhones e outros produtos da companhia fundada por Steve Jobs. Estima-se que a Alphabet pague US$ 15 bilhões por ano para que o Google seja o buscador padrão da Apple.

O Itaú BBA não é o único que questiona o futuro das big tech como Alphabet. Em entrevista ao NeoFeed, Richard Clode, gestor da britânica Janus Henderson Investors, disse que a tendência das grandes empresas do setor de tecnologia é perder força daqui para frente, diante da saturação do mercado de internet móvel, que elas conseguiram aproveitar muito bem.

Por volta das 16h13, as ações da Alphabet recuavam 0,42%, a US$ 103,42. Em 12 meses, os papéis registram baixa de 12,9%, levando o valor de mercado a US$ 1,2 trilhão.