Desde setembro de 2022, a Apple esteve fora do radar de cobertura do Goldman Sachs. A última vez em que a ação da companhia teve recomendação de compra do banco americano, porém, é ainda mais distante: fim de julho de 2017, segundo a agência Bloomberg.

Muita coisa mudou nesse intervalo de quase seis anos. Em especial, o valuation da empresa da maçã, que saltou de US$ 750 bilhões para US$ 2,4 trilhões. Agora, após um hiato de seis meses, a Apple está novamente sob o crivo do banco que, nesse retorno, também está interrompendo um outro ciclo.

Em relatório publicado no domingo, 5 de março, o Goldman Sachs ressaltou que está reiniciando a cobertura da Apple com recomendação de compra e preço-alvo de US$ 199 para a ação, um upside de 31,8% sobre o preço de fechamento do papel na última sexta-feira, na casa de US$ 151,03.

“O sucesso da Apple no design de hardwares de primeira linha e a fidelidade à marca levaram uma base instalada crescente de usuários, que oferece visibilidade sobre o crescimento da receita, reduzindo o churn de clientes, os custos de aquisição para novos produtos e serviços, e estimulando novas compras”, escrevem os analistas Michael Ng, Katherine Campagna e Yash Goenka.

Na visão do trio, componentes como o crescimento dessa base instalada de usuários, o avanço do portfólio de serviços e a força do ecossistema da empresa abrem caminho para um enorme potencial em receitas recorrentes e ajudarão a compensar “ventos cíclicos e contrários” que estão afetando a operação e o setor.

Entre os fatores que compõem os tais ventos contrários estão os ciclos mais longos de substituição dos dispositivos pelos consumidores e a desaceleração do crescimento na indústria de PCs e de tablets. Em contrapartida, há outras questões que justificam a visão positiva sobre a Apple nesse contexto.

“O valuation da Apple é atraente em relação aos seus múltiplos históricos, tanto absolutos quanto relativos, e quando comparado a outros ativos de tecnologia com valores de mercado elevados e aos seus pares na área de consumo”, destaca outro trecho do relatório.

Sob essa perspectiva, os analistas do Goldman Sachs projetam que 62% do crescimento do lucro bruto da companhia nos próximos anos será impulsionada por serviços, linha cuja estimativa é registrar um crescimento de 40% até 2027.

“A receita média por usuário deve se beneficiar de um longo caminho de crescimento impulsionado pelo aumento de penetração da base instalada, o crescimento secular em diversas categorias de serviços e as oportunidades de participação de mercado”, observam os analistas.

Já no que diz respeito aos produtos, a projeção dos analistas prevê um retorno ao crescimento em 2024, a partir de elementos como o mix entre o iPhone, carro-chefe da empresa, e alternativas do portfólio como o Apple Watch, com a migração dos consumidores para dispositivos mais premium nessa área.

Na esteira da volta da cobertura do Goldman Sachs, sob uma ótica favorável, as ações da Apple fecharam o dia na Nasdaq com alta de 1,85%, cotadas a US$ 153,83. No ano, os papéis acumulam uma valorização de 18,3%.