Em recuperação judicial, a Americanas ainda tenta arrumar a casa em meio aos efeitos da crise desencadeada, no início de 2023, por um escândalo contábil de R$ 25 bilhões. E, agora, em mais um passo nessa direção, quem está “pagando a conta” é a Ame Digital, fintech da varejista.

A rede de varejo informou na tarde de segunda-feira, 2 de setembro, que esse braço não irá mais atuar como uma plataforma autônoma de produtos e serviços financeiros, e que deixará de oferecer os serviços de conta de pagamento, credenciadora e de participante indireta do Pix.

Em outra medida, a Americanas anunciou que contratou a consultoria Centria Capital Partners como seu assessor financeiro para conduzir um processo de market sounding, ou seja, prospectar interessados na aquisição do CNPJ da Ame Digital.

Como parte desse pacote, além do registro em questão, os eventuais interessados na empresa terão acesso à licença de instituição de pagamento detida pela fintech e a outros ativos detidos pela operação.

Ao mesmo tempo, a Americanas observou que parte do time da Ame e das atividades que não estão no escopo de instituição de pagamento da Ame Digital serão transferidos para os seus quadros, passando a integrar a equipe de serviços financeiros da sua operação.

Nesse contexto, a rede varejista disse que o objetivo será concentrar esforços em um novo programa de fidelidade e na oferta de produtos e serviços financeiros para clientes e parceiros. Dessa vez, porém, em parceria com outras instituições e seguradoras.

Hoje, esse mesmo direcionamento foi destacado no próprio site da Ame Digital. A fintech ressalta que as contas serão encerradas e orienta os clientes a transferirem seus saldos para outras instituições ou efetuarem compras à vista nas lojas físicas da Americanas até o próximo dia 2 de novembro.

A Americanas acrescentou ainda que segue avaliando a possibilidade de alienação de outros ativos menores e não estratégicos que ainda compõem o grupo. Entre elas, as marcas Shoptime e Submarino, em processos também conduzidos pela Centria.

No acumulado de janeiro a setembro de 2023, último período em que a Americanas divulgou dados sobre a operação da Ame Digital, a fintech reportou uma queda de 63,8% em sua receita líquida, para R$ 547 milhões, na comparação com o mesmo intervalo de 2022.

Essas medidas, incluindo a potencial venda do CNPJ e a transferência de parte da equipe da Ame, já tinham sido sinalizadas durante a conferência há pouco mais de duas semanas, em conferência sobre os resultados de 2023 e do primeiro semestre de 2024 da Americanas.

Entre outros indicadores, a rede divulgou um prejuízo de R$ 1,4 bilhão nos primeiros seis meses de 2024, o que representou uma redução de 55,9% sobre a perda registrada em igual período do ano passado. No ano consolidado de 2023, por sua vez, o prejuízo foi de R$ 2,3 bilhões.

Por volta das 15h15, a ação AMER3, da Americanas, registrava alta de 15,9% na B3, cotadas a R$ 6,65. Em contrapartida, no acumulado de 2024, os papéis têm uma desvalorização de 96,9%. A varejista está avaliada em R$ 1,32 bilhão.