Conhecido por suas previsões a respeito do mercado de tecnologia, Scott Galloway também tem em sua biografia um longo histórico de empreendedor, não necessariamente com os melhores resultados. De nove companhias que fundou, apenas duas tiveram sucesso.
Essa experiência com o fracasso o fez ter uma visão mais “pés no chão” sobre o que é empreender e o que é necessário para sobreviver e ser bem sucedido. Sem romantismo, o professor da Stern School of Business, da Universidade de Nova York, diz que o caminho não é fácil e que o empreendedor precisa aguentar grandes doses de rejeição e, ainda assim, seguir adiante.
“A primeira coisa é se perguntar se você está disposto a tomar risco”, disse ele nesta sexta-feira, 30 de agosto, durante apresentação na Expert XP. “Se você falar com qualquer um que é bem-sucedido, você verá que eles foram capazes de aguentar fracasso, rejeição, sem perder o entusiasmo. Você vai experimentar fracasso, a questão é o que você fará depois.”
Isso significa que nem todos estão aptos para este mundo, o que para ele está tudo bem. Para Galloway, o empreendedorismo acabou glamourizado por conta das histórias de sucesso de grandes empresários.
Galloway destacou, porém, que muitos têm que ir por esse caminho por necessidade, citando a situação de imigrantes, que são obrigados a empreender porque não conseguem se encaixar no mercado de trabalho formal.
O importante, segundo ele, é se conhecer bem e saber se a pessoa quer, de fato, essa vida. Nessa linha, Galloway aproveitou para ir contra o senso comum e orientou os jovens a não seguirem sua paixão na hora de escolher sua profissão, mas entenderem no que são bons e dedicarem a vida em melhorar suas capacidades.
“O pior conselho de receber quando se é jovem é de seguir sua paixão. Quem fala isso já está rico”, disse. “Seu trabalho é encontrar algo que você é bom e investir horas para fazer parte do top dos 10% [dos profissionais]. A parte ruim é que isso deve ser numa indústria não sexy.”
Segundo Galloway, focar no que é bom é o primeiro passo para ser bem-sucedido e ficar rico. O tema, por sinal, foi abordado em seu novo livro, “A álgebra da riqueza”, recém-lançado no Brasil pela Intrínseca, e rendeu uma série de dicas para o público.
Além do foco profissional, Galloway afirmou que é preciso aproveitar o poder do tempo e dos juros compostos. “A vantagem do jovem é o tempo. Nos Estados Unidos, qualquer dólar poupado vira US$ 80 quando chega a hora de se aposentar”, disse.
Ele apontou ainda para a importância de diversificar os investimentos, de modo que tomar risco não seja um problema. Galloway contou ter experimentado isso na pele algumas vezes, inclusive recentemente.
“Um dos meus principais investimentos acabou virando zero recentemente”, disse, sem entrar em detalhes. “Mas atualmente eu posso tomar risco, porque a diversificação é a minha armadura.”
Por fim, é importante ter uma rede de contatos. Sozinho, não se chega a lugar algum. “É um mito que os mais bem-sucedidos pisam nas pessoas, isso não é verdade. Pessoas muito ricas são generosas e investem em seus relacionamentos”, disse.
E tudo isso não representa um caminho certo para a felicidade. Para Galloway, sucesso profissional e dinheiro são importantes, uma vez que dão uma sensação de segurança e conforto. Mas depois de um certo valor, o ganho financeiro traz apenas uma melhora marginal na sensação de felicidade.
“A definição de felicidade é quantas conexões reais você tem”, afirmou. “Dinheiro e sucesso econômico são meio, não o fim. O fim são relações as profundas e significativas que você estabelece ao longo da vida.”