A temporada de balanços do segundo trimestre chegou ao fim e o que se viu foi um desempenho acima do esperado, levando a XP Investimentos a afirmar que foi a melhor divulgação de resultados vista em quatro trimestres.
Dentre as cerca de 150 empresas cobertas por Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head de research da XP, e sua equipe, 49% superaram as estimativas para o lucro líquido reportado, 18% ficaram em linha e 33% ficaram aquém do esperado.
Na linha da receita, 40% das companhias superaram as projeções, enquanto 14% ficaram aquém e 46% vieram dentro do esperado pelos analistas. Quanto ao Ebitda, a XP informou que 36% das empresas superaram suas expectativas, 49% vieram em linha, e 14% ficaram abaixo.
“Olhando para o crescimento ano contra ano, nós vimos uma recuperação nesses últimos trimestres”, diz trecho do relatório. “Em relação ao segundo trimestre de 2023, as companhias sob cobertura da XP apresentaram um crescimento de receita e Ebitda consolidados de 15,3% e 5%, respectivamente.”
Na linha do lucro, o segmento que mais reportou resultado acima do esperado pelos analistas da XP no período foi a parte de alimentos e bebidas, com 67% das companhias superando as projeções. O destaque ficou por conta dos frigoríficos, como a JBS, uma vez que as margens estão fluindo na cadeia devido a grãos mais baratos, segundo a XP.
As varejistas também apresentaram resultados melhores do que o esperado no segundo trimestre, com 60% das companhias vindo com lucros acima do esperado.
Segundo os analistas da XP, apesar da demanda e crescimento de receita ainda estarem pressionados pelo cenário macroeconômico, a expansão de margens sustentou um Ebitda acima do esperado para a maioria das empresas que cobrimos – 60% das companhias tiveram desempenho melhor que o esperado nessa linha.
Esse foi o caso da Lojas Renner, que apesar do calor excessivo do período e do desastre climático no Rio Grande do Sul, apresentou um crescimento de 37% do lucro líquido, em base anual, para R$ 315 milhões, com ganho de rentabilidade. A XP apontou ainda que C&A e Guararapes também tiveram bons resultados.
Olhando pelo ponto de vista de reação do mercado após a divulgação dos resultados, a XP constatou que os balanços de bens de capital foram bem recebidos pelos investidores, com um retorno médio de 10,2%. Os analistas apontam que os balanços de Weg, Marcopolo, Tupy e Iochpe-Maxion vieram com números que superaram suas expectativas.
As instituições financeiras ficaram em segundo lugar no ranking de retorno médio, com expansão de 9,9%. Para a XP, a temporada do segmento foi positiva mais uma vez, com os grandes bancos melhorando a rentabilidade, com aumento da concessão de crédito e menor inadimplência.
Um dos destaques do período foi o Bradesco, que registrou lucro acima do esperado e reduziu custos com provisões. Quando o resultado foi divulgado, no começo do mês, a XP informou que os dados indicavam sinais iniciais de recuperação.
Para os neobanks e fintechs, a tese de alavancagem operacional continua evoluindo, assim como o patamar dos ROEs, segundo a XP. No caso do Inter &Co, os analistas destacaram a manutenção da trajetória ascendente da rentabilidade, ainda que boa parte dos números tenham vindo dentro do esperado.
Os resultados do segundo trimestre estão fazendo com que as expectativas de lucros pelo consenso estejam sendo revisadas para cima, segundo a XP. Os analistas apontam que desde o começo da temporada em julho, as projeções de lucro por ação para os próximos 12 meses, e também de 2024 e 2025, têm sido revisadas para cima em até 1,5%.
Os segmentos que tiveram as principais revisões positivas no lucro por ação foram materiais e comunicação, de 2,4% e 2%, respectivamente. Na contramão, as expectativas para saúde foram cortadas, em média, em 1,9%, enquanto em saúde as estimativas recuaram em 3,6%.