A Riachuelo vai passar por uma grande mudança a partir de 2 de maio. André Farber, ex-CEO da Dafiti, assumirá a principal cadeira da varejista de moda. Ele sucederá Oswaldo Aparecido Nunes, que se aposentará após 50 anos de casa. Aos 47 anos, Farber não recebe apenas a missão de recuperar a rede criada por Nevaldo Rocha, mas também a de ser o primeiro CEO de fora da companhia.

Farber chegou a plataforma de e-commerce de moda em julho de 2021. Anteriormente, ele estava no Grupo Boticário, onde passou 11 anos e ajudou a empresa de cosméticos a se transformar em um negócio multimarca e multinacional.

No comunicado publicado na noite de quarta-feira, 29 de março, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o presidente do Conselho de Administração, Flavio Rocha, destacou o entusiasmo do Grupo com a chegada de André para o “fortalecimento do nosso ecossistema de moda, lifestyle e serviços financeiros”.

“A nomeação de André é um passo importante neste novo momento do Grupo. Seu extenso conhecimento do mercado nacional, conexão com o consumidor brasileiro e expertise em estratégia omnichannel, inovação e expansão certamente agregarão muito ao negócio”, escreveu Rocha.

No final de janeiro, o NeoFeed reportou o momento delicado pelo qual a Riachuelo vem passando. Fora a crise da Americanas, o Grupo havia fechado sua fábrica em Fortaleza, demitindo cerca de 2 mil funcionários. E burburinhos indicavam que bancos de investimentos estavam à procura de algum interessado em uma fusão.

Curiosamente os boatos ganharam força após um trabalho da Bain & Co., consultoria que Farber trabalhou durante 10 anos, antes de entrar em O Boticário, como assessor de clientes de varejo e bens de consumo no Brasil.

Fontes ouvidas pelo NeoFeed naquela reportagem mostravam preocupação justamente com a sucessão no comando na empresa em razão da falta de uma nova geração assumindo o negócio.

Além dos desafios internos, a Riachuelo está entre as redes varejistas que sofrem com a concorrência da Shein, gigante online chinesa que, em 2022, investiu pesado no Brasil. Segundo pesquisa da Aster Capital, que o NeoFeed publicou com exclusividade, a Shein movimentou R$ 7,1 bilhões em suas operações online no ano passado. É uma liderança folgada frente a todos os players nacionais - as vendas da Guararapes/Riachuelo foram R$ 619 milhões.

Após a divulgação dos resultados da Riachuelo no quatro trimestre, com queda de 66% no lucro líquido de R$ 304,6 milhões para R$ 102,3 milhões, na comparação com o mesmo período do ano anterior, e um aumento de 218% na provisão para devedores duvidosos, de R$ 96,6 milhões para R$ 307,2 milhões no mesmo período, os analistas do Itaú BBA, Maria Clara Infantozzi, Thiago Macruz e Gabriela Moraes escreveram:

"No geral, foi mais um trimestre fraco para a Guararapes. Esperamos que os investidores se concentrem na evolução das vendas nos próximos meses, bem como na recuperação de sua margem bruta".