Quando a Apple anunciou um acordo com o Goldman Sachs para o lançamento do cartão de crédito o Apple Card, e, posteriormente, de uma conta poupança, o mercado redobrou sua atenção sobre o avanço da empresa da maçã na área financeira. O saldo dessa parceria não foi, porém, nada positivo.

A gigante americana dona do iPhone está colocando na mesa uma proposta para rescindir o contrato com o banco americano nos próximos 12 a 15 meses. Há pouco mais de um ano, as duas empresas haviam prolongado a parceria até 2029.

Segundo o The Wall Street Journal, que cita pessoas familiarizadas com a negociação entre as duas partes, os termos sugeridos pela Apple cobririam desde o cartão de crédito lançado em 2019 até a conta poupança que chegou ao mercado neste ano.

Se a parceria traduzia a ambição da Apple de fincar seus pés na área financeira, para o Goldman Sachs, esse era um dos principais motores dentro do plano do banco de ir além das grandes empresas e fortunas, e ganhar espaço na oferta de produtos e serviços para outros perfis de consumidores.

Da teoria à prática, ao enveredar por essa seara, a conta acabou não fechando para o banco americano. Como reflexo dessa tentativa malsucedida, o Goldman  Sachs passou a se desfazer de ativos e de toda a estrutura ligada a essa estratégia.

O movimento mais recente veio com a venda, em outubro, da GreenSky, para um consórcio liderado pela Sixth Street Partners, por um valor não revelado. Comprada em 2022, por US$ 1,7 bilhão, a fintech foi uma das principais apostas do Goldman nessa direção.

Sob esse contexto, o Goldman Sachs já havia sinalizado no início deste ano que estava avaliando “alternativas estratégicas” para essas iniciativas. No caso da Apple, uma alternativa que chegou a ser discutida foi sua substituição pela American Express nesse processo.

De acordo com o The Wall Street Journal, outro candidato a assumir esse papel é a também americana Synchrony Financial, principal emissora de cartões de crédito para o varejo nos Estados Unidos e que já mantém parcerias com players como a Amazon e o PayPal.

Apesar do rompimento iminente, a parceria entre as duas gigantes já tinha sinais de desgaste desde o início. A Apple chegou a divulgar que seu cartão não era de um banco, o que estremeceu, já na largada, a relação.

Entre outros ruídos, a empresa da maçã pressionou para que praticamente todos os interessados em ter um Apple Card fossem aprovados, o que teria contribuído para turbinar as perdas na área de crédito do Goldman Sachs.

Em um dos desdobramentos desses imbróglios, alguns executivos do banco americano culparam, nos bastidores, a Apple pelo fato de o Goldman Sachs ter sido alvo de investigações doConsumer Financial Protection Bureau sobre “práticas de gestão de contas de cartão de crédito”, em 2022.