As ações da Apple alcançaram sua máxima histórica na segunda-feira, 20 de outubro. Após subirem mais de 4%, os papéis da multinacional de produtos eletrônicos fecharam o dia de negociações na Nasdaq com alta de 3,94%, cotados a US$ 262,24.
Com esses números, a empresa da maçã desbancou a Microsoft e chegou ao posto de segunda companhia mais valiosa do mundo, com um valor de mercado de US$ 3,89 trilhões, atrás apenas da Nvidia, avaliada em US$ 4,44 trilhões.
O que deu a largada para que a Apple engatasse esse seu recorde de cotação e se aproximasse de um valuation de US$ 4 trilhões foi o desempenho inicial das vendas do iPhone 17, nova versão do smartphone que é o carro-chefe da empresa e que foi lançada, como todo ano, em setembro.
Segundo a Counterpoint Research, as vendas do iPhone 17 em seus primeiros dez dias nas prateleiras cresceram 14% nos Estados Unidos e na China em relação ao mesmo período do iPhone 16, lançado em setembro de 2024.
Esse desempenho das vendas nos dois países – os principais mercados globais da Apple, está sendo impulsionado, especialmente na China, pelas vendas do modelo mais básico – dos quatro disponíveis – do aparelho, comercializado por US$ 799.
“O modelo básico do iPhone 17 é muito atraente para os consumidores”, escreveu Mengmeng Zhang, analista sênior da Counterpoint Research, em relatório publicado nessa segunda-feira pela consultoria americana.
Zhang trouxe outros pontos para justificar a atratividade dessa versão. Entre eles, o fato desse aparelho mais básico trazer melhoras em termos de processadores, tela, armazenamento e câmera de selfies. E, tudo isso, pelo mesmo preço do iPhone 16.
“Comprar esse aparelho é uma escolha óbvia, especialmente quando se incluem descontos e cupons de desconto. Resumindo, ele oferece uma relação custo-benefício extremamente boa, e os consumidores chineses estão recompensando a Apple por isso”, acrescentou o analista.
Já nos Estados Unidos, as vendas foram puxadas principalmente pelo iPhone 17 Pro Max, que tem preço de US$ 1.099 e está no centro dos principais descontos ofertados pelas grandes operadoras locais. Complementam o novo pacote o iPhone 17 Air (US$ 999) e o iPhone 17 Pro (US$ 1.099).
Esse desempenho inicial nas vendas e sua tradução no mercado de capitais vão na contramão das primeiras reações ao lançamento do dispositivo, há um mês, juntamente com outros produtos da companhia.
Na sequência do evento que marcou a apresentação das novas linhas do portfólio, a Apple teve sua recomendação rebaixada, de compra para neutra, pelas casas de análise D. A. Davidson e Philips Securities.
Com isso, a média das recomendações para ações da companhia – indicador da proporção entre recomendações de compra, manutenção e venda – caiu de 5 para 3,9, o menor nível desde o início de 2020, segundo a agência Bloomberg.
Essa reação não esteve ligada apenas ao fato de que, nos últimos anos, a Apple deixou de ser intocável na lista de preferências de analistas e investidores. Muito por não trazer, ano após ano, grandes inovações em seus lançamentos, em detrimento do avanço de rivais – em particular, os chineses.
Dessa vez, o que desagradou parte dos investidores foi a percepção de que a empresa pode estar perdendo o bonde também na corrida da inteligência artificial, ao não trazer grandes evoluções nesse que é, de longe, o maior hype atual no mercado.
“Embora inicialmente estivéssemos animados com as perspectivas do papel da Apple no ecossistema de IA e com o potencial ciclo de grandes atualizações, ficou claro para nós que nenhuma dessas opções provavelmente se concretizará no curto prazo”, escreveu a D.A. Davidson, em relatório, na época.
Agora, porém, com os primeiros dados de vendas compilados e divulgados pela Counterpoint Research, alguns analistas já começam a enxergar que a Apple pode superar essas preocupações em relação ao seu suposto atraso em IA.
Uma boa parcela desse otimismo está ligada justamente ao desempenho na China, mercado que se tornou um dos principais desafios para a empresa nos últimos anos, dado a concorrência cada vez mais acirrada das marcas domésticas.
Analista da Melius Research, Ben Reitzes ressaltou, por exemplo, a popularidade do iPhone 17 Air no país da Grande Muralha, ao citar que o modelo esgotou em poucos minutos após o lançamento em grandes cidades como Xangai e Pequim.
Ao ressaltar que a próxima novidade pode ser um aparelho dobrável, em 2026, com bastante potencial também no mercado chinês, Reitzes observou que o modelo pode impulsionar ainda mais esse crescimento e ajudar a Apple a direcionar seu mix de produtos para linhas mais premium.
O analista da Melius Research destacou ainda que, com uma atualização do Apple Intelligence, sistema da empresa que integra inteligência artificial em seus dispositivos, a “Apple pode rir por último” quando o tema na mesa é a IA.
Para Reitzes, esse avanço em inteligência artificial pode abrir caminho, por sua vez, para outros lançamentos de hardware e, em particular, para uma nova fronteira no portfólio da companhia: os robôs voltados a consumidores.
Em sua visão, esses produtos ainda não estão precificados nas projeções de Wall Street. Mas podem contribuir rapidamente com dezenas de bilhões de dólares em receita adicional para a empresa liderada por Tim Cook.