A aguardada abertura de capital da Arm Holdings, na Bolsa de Valores de Nova York, tem tudo para se tornar o mais importante termômetro para medir os ânimos dos investidores em relação ao mercado de tecnologia.
Nesta terça-feira, 5 de setembro, a companhia britânica que atua com a fabricação de chips semicondutores estabeleceu como alvo uma avaliação pública entre US$ 48,2 bilhões e US$ 52,3 bilhões com a venda inicial de ações.
Em sua oferta, coordenada por Barclays, Goldman Sachs, JPMorgan Chase, Mizuho, entre outros bancos, a Arm espera vender 95,5 milhões de ações em um intervalo de preço entre US$ 47 e US$ 51.
Durante o roadshow, que a companhia está realizando em Nova York, no entanto, algumas gestoras começaram a questionar sobre o potencial da empresa para atingir o valuation esperado, segundo Financial Times (FT).
Para James Anderson, um dos principais investidores de tecnologia da Grã-Bretanha, a Arm terá dificuldade de contar sua história de crescimento, convencendo os investidores de que é um ator crucial em áreas como inteligência artificial e computação em nuvem.
O que contribui com as dúvidas é o atual momento da fabricante de chips em seus negócios. Apesar de dominar o mercado de processadores para smartphones, a companhia reportou queda de 50% nos lucros no trimestre mais recente, que ficou em US$ 105 milhões ante US$ 225 milhões do mesmo trimestre do ano passado.
Se conseguir atingir o valuation desejado, a Arm poderá satisfazer principalmente o Softbank. Em 2016, a gestora ligada ao grupo de investimentos comandado por Masayoshi Son investiu US$ 32 bilhões na aquisição da companhia. A expectativa era dobrar este valor. Após o IPO, o conglomerado japonês manterá 90,6% das ações.
Para outros investidores questionados, o valor pretendido pela Arm foge da realidade e uma avaliação generosa colocaria a empresa na casa dos US$ 40 bilhões. “Eles foram convincentes o suficiente para mostrar que valiam mais de US$ 35 bilhões, mas não mais do que US$ 40 bilhões”, disse um gestor ao FT.
Soma-se a lista de preocupações “riscos significativos” enxergados por investidores em relação à exposição da Arm à China. A região representa cerca de um quarto das receitas da companhia britânica.
Entre os potenciais compradores das ações da Arm estão algumas das principais empresas de tecnologia da atualidade. Segundo o jornal japonês Nkkei, Apple e Samsung podem participar da oferta inicial de ações da Arm, assim como Amazon, Nvidia, Intel, entre outras.