De volta ao plano original. Foram essas as palavras utilizadas por Masayoshi Son, fundador do Softbank, para definir o destino que pretende dar para a Arm, a gigante dos semicondutores que é investida pelo fundo japonês e esteve perto de ser negociada com a Nvidia, em um negócio estimado em US$ 66 bilhões.

Com o fracasso da venda para a Nvidia, a Arm agora pode ter como destino a bolsa de valores americana. O plano foi revelado nesta terça-feira, 8 de fevereiro, durante a conferência para a divulgação dos resultados financeiros do grupo japonês no último trimestre de 2021.

A ideia é realizar uma abertura de capital de Arm nos Estados Unidos – ainda não se sabe se na Bolsa de Nova York (Nyse) ou na Nasdaq. Apesar de dizer que está retomando o plano original, a verdade é que o IPO só voltou ao roteiro do Softbank porque a operação enfrentou uma rigorosa resistência de órgãos antitruste e de concorrentes, como Qualcomm e Microsoft.

O entendimento das autoridades antitruste é de que a aquisição da Arm pela Nvidia diminuiria a competição no setor, ainda mais em um momento crítico para mercado de chips, que sofre com falta de componentes em todo o mundo. Por esse motivo, a Nvidia desistiu de seguir adiante com o negócio.

O Softbank adquiriu o controle da Arm em 2016, fechando o capital da empresa que era listada na bolsa de valores de Londres. Na época, o fundo japonês pagou 24,3 bilhões de libras esterlinas (cerca de US$ 32 bilhões) na operação. Em setembro de 2020, acertou a venda da companhia para a Nvidia.

Na época, as companhias emitiram um comunicado de que a fusão tinha o objetivo de construir a “melhor companhia de computação do mundo para a era da inteligência artificial”. A Nvidia teria o controle da companhia, que faz uma tecnologia que está no coração da maioria dos smartphones do mundo.

Um IPO nos Estados Unidos poderia ser uma saída para o grupo japonês que vive um momento delicado. Nos resultados divulgados nesta terça, o Softbank reportou queda de 97% no lucro do período, com algo próximo de US$ 250 milhões contra mais de US$ 10 bilhões registrados no mesmo trimestre do ano anterior.

"Estávamos no meio de uma nevasca e a tempestade não acabou, ficou mais forte", disse Son, durante a divulgação dos resultados nesta terça-feira.

Depois de valer mais de US$ 174 bilhões no começo de 2021, as ações do grupo japonês despencaram e a companhia já vale menos do que a metade do valor atingido no pico, em torno de US$ 78 bilhões.

Quando e quanto?

Ainda é cedo para qualquer previsão sobre qual seria a faixa indicativa do preço das ações. O jornal britânico Financial Times estima que a Arm seria avaliada em cerca de US$ 30 bilhões – menos da metade do que a Nvidia pagaria pela empresa.

Também não há uma indicação confiável de quando as ações seriam ofertadas. Dificilmente um IPO ocorreria ainda neste ano, já que as bolsas americanas enfrentam um período de correção de preços. A expectativa é de que a abertura de capital ocorra no fim do próximo ano fiscal, em março de 2023.

Ainda que a demanda por chips esteja alta, a Arm também enfrenta um momento complicado financeiramente. O Ebitda ajustado da fabricante britânica diminuiu 30% no trimestre em relação ao mesmo percentual de quatro anos atrás. O motivo seria o aumento do custo de pesquisa e desenvolvimento das peças.