Se fosse um país, a gigante de tecnologia Nvidia seria a sexta maior economia do mundo, à frente do Reino Unido, por exemplo. E valeria quase duas vezes mais do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

A big tech americana ultrapassou, na quarta-feira, 9 de julho, a marca de US$ 4 trilhões de valor de mercado, tornando-se a primeira companhia de capital aberto a atingir esse patamar. E, com o avanço exponencial do mercado de inteligência artificial (IA), analistas já acreditam que a empresa pode alcançar, em pouco tempo, o market cap de US$ 5 trilhões.

Com a quebra dessa barreira, o market cap da Nvidia é maior do que a soma dos mercados de ações de México e Canadá, e acima do que todas as empresas listadas no Reino Unido, segundo dados da LSEG, empresa global do mercado financeiro, de dados e tecnologia, e dona da Bolsa de Valores de Londres.

O recorde anterior havia sido da Apple, que atingiu valor de R$ 3,915 trilhões em dezembro de 2024. Além da empresa fundada por Steve Jobs, somente a Microsoft também vale hoje mais do que US$ 3 trilhões na bolsa americana.

O valor das ações da Nvidia na Nasdaq, que no pregão de quarta, 9, chegou a alcançar US$ 164,4, opera em alta de 1,76% por volta de 16h, sendo negociada a US$ 162,8. No acumulado do ano, os papéis registram alta de 21,2%.

Em quatro anos, a companhia teve uma valorização de quase oito vezes, saltando de US$ 500 bilhões, em 2021, para os US$ 4 trilhões de agora.

“A marca da Nvidia mostra que o mercado de IA não só não está morto, como está vivo e bem”, diz Dan Morgan, gestor sênior de portfólio da Synovus Trust, ao Wall Street Journal. “Tivemos alguns percalços no caminho nos últimos seis meses e não foi uma escalada fácil.”

Em junho deste ano, analistas da empresa americana de serviços financeiros Wedbush já previam o aumento do valor de mercado da Nvidia rapidamente, provocado pelo alcance das soluções de IA implementados pela fabricante de chips. “Se há uma empresa no mundo que é a base para a revolução de IA, essa empresa é a Nvidia", dizia o relatório da companhia.

Dessa forma, segundo os especialistas da Wedbush, a gigante americana, liderada pelo CEO Jensen Huang, deve caminhar para bater o patamar de US$ 5 trilhões nos próximos 18 meses. Para ele, a Microsoft também seguirá nesta rota. “Para cada US$ 1 gasto na Nvidia, há um multiplicador de US$ 8 a US$ 10 em todo o resto do ecossistema tecnológico”, afirmavam os analistas.

O avanço na capitalização de mercado da Nvidia ocorre após o susto provocado a partir da hipótese levantadas pela startup chinesa DeepSeek de que modelos avançados de IA poderiam ser produzidos sem chips da Nvidia no início deste ano. Com isso, a empresa perdeu 20% de seu valor de mercado e começou 2025 abaixo de US$ 3 trilhões. Desde então, se recuperou de forma rápida.

Parte da explicação para a escalada das ações da gigante de chips e semicondutores está justamente na demanda por sua infraestrutura de GPU (unidade de processamento gráfico) de última geração, presente nas áreas de computação avançada, data centers e, principalmente, inteligência artificial.

Para especialistas, essa disparada, com hegemonia clara no mercado global de IA, tem a ver com o desempenho do novo chip de IA da companhia, o Blackwell Ultra. Segundo a Reuters, os chips Blackwell mais recentes da Nvidia superam seus antecessores em mais de duas vezes o desempenho de modelos como o da Meta.

“Usando uma metodologia como essa, eles conseguem continuar a acelerar ou reduzir o tempo de treinamento de alguns desses tamanhos enormes de modelos de parâmetros multitrilionários”, diz Chetan Kapoor, diretor de produtos da CoreWeave, que hoje atua em colaboração com a Nvidia.

Além disso, a gigante de tecnologia tem realizado parcerias com empresas em todo o mundo para desenvolver fábricas que desenvolvem sistemas de IA.

A Nvidia alcançou receita recorde de US$ 44,1 bilhões no primeiro trimestre fiscal de 2026, que se encerrou em abril. Em comparação com o mesmo período do ano anterior, o crescimento registrado foi de 69%.

O setor de data centers foi o grande responsável pelo resultado expressivo da companhia, alcançando US$ 39,1 bilhões em receita. A área de games também cresceu no trimestre, com alta de 42% na comparação atual, totalizando US$ 3,8 bilhões.